O 5G para o mercado B2B

O 5G para o mercado B2B
Crédito: Freepik

A importância do mercado B2B na propagação da 5G aliada à expansão da fibra óptica está motivando as operadoras em todo o mundo a desenvolverem aplicações e buscarem modelos de negócio. No Brasil, não é diferente e as expectativas são de que a 5G favoreça muitos ecossistemas de inovação e impulsione o desenvolvimento de novas aplicações e modelos de negócios.

O mercado corporativo já vem sendo atendido pelas operadoras tanto em conectividade 3G e 4G, quanto em soluções, mas as características da quinta geração, como maior velocidade, menor latência e capacidade de conectar muitos dispositivos são um atrativo a mais.

“Somos um habilitador da transformação digital”, observa Paulo Humberto Gouvea, diretor de Soluções Corporativas da TIM. Ele lembra que a chegada da 5G não representa unicamente um upgrade da 4G, mas significa uma nova e poderosa ferramenta que vai permitir ganhos de produtividade na indústria brasileira como um todo.

A estratégia da operadora de fazer parte de ecossistemas de inovação e IoT para atender ao mercado corporativo acelera com a chegada da quinta geração. Ela já obteve sucesso em alguns mercados em que isso foi aplicado, como o do agronegócio. “Entendemos que a conectividade era a grande demanda, hoje estamos com mais de sete milhões de hectares conectados”, ressalta. Nessa área já deu início a projetos de 5G na agroindústria no interior de São Paulo.

A TIM fechou um acordo com a Stellantis para, junto com a Accenture, desenvolver o primeiro piloto 5G stand alone para o setor automobilístico. A proposta da Stellantis é integrar seu polo automotivo de Goiana (PE) com a tecnologia 5G. O piloto já integra o chão de fábrica com as aplicações de manufatura.

Na fase inicial, o projeto prevê a garantia de conformidade da identificação dos veículos de acordo com suas versões e acessórios. São produzidos quatro modelos que se multiplicam em mais de 100 versões, cada qual com especificações de itens, componentes e acessórios.

Conectividade no ar

Para o diretor da TIM, a indústria automobilística será um ponto importante com a chegada dos veículos autônomos, o que se relaciona a outras áreas nas quais a empresa pretende crescer, como cobertura 5G em rodovias – fundamental para a viabilidade desses veículos –, e sistemas de rastreamento que hoje atendem ao mercado de logística.

Se a conectividade 5G terá importância nas operações em terra, como estradas e ferrovias, ela também terá grande importância no ar. “Não haverá eVTOL sem 5G”, afirma o executivo, referindo-se às aeronaves elétricas de pouso e decolagem vertical. Ele acompanha de perto os projetos da Embraer (Eve) e os investimentos que vêm sendo feitos pela Azul e Gol nesse mercado. Um dos maiores impactos deverá se dar no controle de tráfego aéreo que necessitará de ferramentas e conectividade mais avançadas.

Gouvea tem muito mais apostas na aplicação do 5G no mercado corporativo, como mineração, óleo e gás, que precisam de velocidade de transmissão e baixa latência, principalmente em missões críticas. Marcello Miguel, diretor-executivo de Marketing e Negócios da Embratel, considera que a nova geração de internet móvel levará o mercado para uma fase inédita de digitalização, com a criação de novas soluções e aplicações, capazes de transformar a maneira como as organizações operam.

“Entregaremos a infraestrutura digital necessária para desenvolver novos negócios, ampliar capacidades e otimizar operações”, afirma. Como exemplo dos avanços que serão impulsionados, ele cita aplicações como o uso de vídeo avançado, para tratamento de imagens em tempo real; automação também em tempo real; veículos conectados; monitoramento, identificação e rastreamento; detecção de manutenção e riscos, desde containers, por exemplo, até pessoas em áreas remotas; robótica, sendo que o grau máximo é a autonomia total do robô; operação industrial, com veículos autônomos em áreas de operação críticas ou fábricas, minas, portos, ou depósitos; realidade aumentada para instalações, operação e recuperação de serviços ou produtos em campo; educação e saúde. Miguel acredita que a quarta revolução industrial, ou Indústria 4.0, será impulsionada por tecnologias estabelecidas e emergentes.

Recentemente a Nestlé concluiu a etapa de implementação do 5G stand alone em sua fábrica localizada em Caçapava (SP), que foi habilitada pela Embratel com 5G da Claro e tecnologia de redes privativas da Ericsson. O projeto utiliza frequências de uso experimental licenciadas pela Claro e todos os componentes da infraestrutura estão localizados na planta industrial, o que garante que os dados confidenciais permaneçam na rede local da companhia.

O 5G está sendo utilizado em algumas aplicações, como em óculos de Realidade Virtual, que conectam o colaborador da unidade com qualquer pessoa em qualquer país. Assim é possível realizar treinamentos para implementar máquinas recém-chegadas e novas linhas, receber orientações sobre ajustes de equipamentos, melhorias e manutenção remota, tudo sem sair da unidade. Com a Gerdau, a Embratel está realizando o primeiro projeto 5G na indústria do aço. A empresa busca automatização, produtividade, flexibilidade, visibilidade, rastreabilidade, uso de dados e segurança nos processos, incluindo planejamento, produção e logística.

No agronegócio, Embratel e Claro se uniram à SLC Agrícola para um projeto 5G stand alone focado no desenvolvimento de casos de uso para o produtor rural. Entre as vantagens previstas estão o aumento da produtividade e o melhor uso de recursos naturais tendo como base a integração de novos sensores e drones ao maquinário, permitindo ampliar a capacidade analítica em menor tempo.

A operadora tem explorado o uso do 5G também em outro mercado B2B, como o financeiro, onde fechou acordo com o Bradesco para desenvolver casos de uso. A primeira prova de conceito teve como ponto de partida facilitar a localização de imóveis para serem financiados, com buscas por filtros de interesse, navegação da propriedade em 3D e interação com os ambientes via Realidade Aumentada e computação espacial.

Transformação no B2B

Alex Salgado, vice-presidente para o mercado B2B da Vivo, também não tem dúvidas de que o 5G proporcionará impactos importantes na vida das pessoas e das empresas. “Os negócios vão se acelerar e tudo se transformará”, acredita. Para a mudança transformacional que o mercado precisa, a operadora se pauta em alguns pilares.

“Para dar mais celeridade a essa nova etapa digital, criamos três empresas especializadas em cada pilar tecnológico, considerando nuvem pública, IoT e Big Data, e cyber segurança, com centenas de novos especialistas em inovação e tecnologia”, informa. Na sua opinião, esse formato oferece à indústria um portfólio mais robusto e bem pensado de serviços digitais, com soluções formatadas para diferentes setores e ramos de atividades.

A Vivo concluiu a aquisição da Vita IT, empresa integradora de tecnologia que atende companhias de diferentes portes, provendo serviços profissionais e gerenciados de networking para o mercado B2B. Além disso, a empresa também quer acelerar a transformação com 5G associada às redes virtualizadas – SDWAN – permitindo melhor utilização dos ambientes físicos das empresas, uma vez que essas tecnologias proveem conectividade em larga escala, com menor utilização de recursos técnicos, como cabo e energia, garantindo melhores ambientes e infraestrutura limpa.

Desde o ano passado, tem casos com uso de rede experimental 5G em diferentes setores do mercado B2B. Em parceria com o Itaú Unibanco conectou a primeira agência bancária com essa tecnologia, criou um centro de soluções 5G em parceria com a FEI (Faculdade de Engenharia Industrial) e Ericsson, que tem o foco em desenvolvimento de soluções IoT para a indústria, e conectou a Huawei Local EMS Factory com aplicações 5G no processo produtivo. O executivo reforça que a baixa latência é fundamental para a automação de setores de missão crítica, como mineração, petrolífero, siderurgia e saúde. A operadora possui uma parceria com a Petrobras na gestão de redes privativas LTE para levar conexão móvel às áreas operacionais no ambiente offshore em unidades localizadas nas

Bacias de Santos e Campos; e onshore, no atendimento em refinarias, armazéns logísticos, usinas termelétricas, unidades de tratamentos de gás e centro de pesquisa, na região Sudeste. Com a Vale formou uma parceria e ambas se tornaram as primeiras empresas a operar uma rede LTE em mineração no país. O foco é otimizar o uso de equipamentos autônomos que exigem cobertura em áreas amplas e trafegam alto volume de dados. A Vivo tem tido ainda uma participação ativa no mercado B2B de agrobusiness onde conta com a Wayra, seu hub de inovação aberta, que se encarrega de identificar soluções de mercado e levá-las para dentro da empresa.

A operadora também passará a comercializar drones de pulverização, o Drone Pro. “Todo esse ecossistema digital será ampliado com novas soluções que recorrem a IoT e Big Data, potencializadas pelos benefícios da rede 5G”, pontua Salgado. “Hoje o Brasil é considerado um país de baixíssima eficiência industrial e na produção agrícola e temos a chance de reverter isso com tecnologia de ponta”, diz Yon Moreira, CEO do grupo Surf Telecom. “O nosso papel é fundamental. Nós já temos frequência de 2,5 GHz e atendemos mais de 1 milhão de pessoas em áreas vulneráveis, na Rocinha, Paraisópolis, Sapopemba, Jardim Panorama, dando oportunidades para que elas saiam do círculo vicioso dos que não têm oportunidade na sociedade”, observa.

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