Ocupação americana em Gaza é acender um isqueiro num barril de pólvora
Nesta semana, Donald Tump disse que tem um plano para ocupar a Faixa de Gaza e desenvolver a região. O presidente dos EUA disse ainda que para efetivar seu objetivo seria necessário desocupar a região, removendo milhares de palestinos para outras regiões. As falas de Trump não foram bem recebidas pela comunidade internacional, tampouco pelo próprio partido Republicano. Os motivos para as críticas são bem pertinentes.
Primeiro, não é tão simples evacuar uma área. Pessoas deixarão a região onde moram, trabalham e possuem laços afetivos. Além disso, há idosos e pessoas com dificuldade de locomoção. Como seria operacionalizado este plano? Quem pagaria pelos custos de transporte e alocação em outros países?
Segundo, outros países precisariam aceitar a chegada de milhares de imigrantes palestinos, o que evidentemente sobrecarregaria o frágil sistema de seguridade social destes Estados. E, mesmo que Egito ou Jordânia aceitassem os palestinos, não é tão simples recomeçar a vida num outro país. A família chegará em outro país sem relações pessoais e sociais, e sem trabalho. A realidade é bem mais complexa do que imaginamos no papel.
Terceiro, a retirada de palestinos da Faixa de Gaza iria na contramão da solução que vem sendo costurada por anos – a de dois Estados: um árabe, e o outro, judeu. Ir na direção contrária seria mexer num vespeiro, gerando possíveis reações de outros países árabes e aumento do terrorismo.
Por fim, os EUA não foram sucedidos nem na ocupação do Iraque e nem do Afeganistão. Pelo contrário, a incursão americana nessas regiões se mostrou desastrosa, com gastos de trilhões de dólares pagos pelo cidadão americano. Se o passado é um bom guia, sabemos que uma ocupação americana em Gaza será acender um isqueiro num barril de pólvora.