“Onde e quando devemos inserir a presença humana no processo automatizado?”, provoca Ray Wang

Em meio a um cenário econômico repleto de incertezas, o Evolve 2024 trouxe à tona reflexões fundamentais sobre o papel da inteligência artificial nas organizações. Em sua palestra, Ray Wang, fundador e analista principal da Constellation Research, alertou que a adaptação às novas dinâmicas do mercado não é apenas uma questão de sobrevivência, mas de reinvenção.
As empresas, segundo Wang, enfrentam um ponto de inflexão: a necessidade de transformar suas operações para não apenas sobreviver, mas prosperar em um mundo onde a tecnologia redefine constantemente as regras do jogo. “Estamos diante de uma oportunidade única, mas também de desafios sem precedentes”, afirmou, convidando a plateia a refletir sobre o futuro que se desenha à nossa frente.
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A instabilidade nas taxas de juros e as tensões geopolíticas moldam um ambiente em que a eficiência operacional se torna crucial. A digitalização, segundo ele, não é mais uma opção, mas uma necessidade fundamental. “Não podemos ter inovação sem dados; sem dados, não há inteligência artificial”, frisa Wang, enfatizando que a coleta e o tratamento adequado de informações são os pilares sobre os quais as empresas devem construir suas estratégias futuras.
Wang identifica a crescente pressão por descarbonização e a mudança nas cadeias de suprimento como tendências significativas. Ele argumenta que a globalização é desafiada, com muitas organizações sendo incentivadas a construir suas operações em mercados locais. Essa mudança não apenas altera a dinâmica econômica, mas também oferece oportunidades para países como Brasil e Índia, que se beneficiam de populações em crescimento e uma força de trabalho mais jovem.
Outro ponto abordado é a crescente importância da eficiência. Wang exemplifica a estratégia do Sam’s Club, que elimina 100 milhões de tarefas, permitindo que seus funcionários se concentrem em atividades de maior valor. “A lógica seria demitir mais trabalhadores, mas adicionamos 3% mais colaboradores para melhorar a experiência do cliente”, explica. Essa abordagem revela um novo entendimento sobre como a tecnologia deve ser integrada ao trabalho humano, não como uma ameaça, mas como uma ferramenta de empoderamento.
A transformação das organizações não está isenta de desafios. Wang alerta sobre a “escassez centralizada” atual em relação à inteligência artificial. Embora as tecnologias avancem, muitas permanecem fechadas e onerosas, limitando a competitividade. Ele prevê que nos próximos três a cinco anos, o cenário mudará para uma “abundância descentralizada”, onde a IA se tornará mais acessível e colaborativa, criando novas oportunidades para empresas de todos os tamanhos.
Com relação à coleta de dados, Wang destaca a importância de construir coletivos de dados que unam diferentes setores, a fim de enfrentar a escassez de informações. “A colaboração entre diferentes indústrias será fundamental para preencher as lacunas de dados e impulsionar inovações”, afirma. Essa visão enfatiza a necessidade de uma estratégia de dados robusta, que não apenas melhore a precisão das decisões, mas também construa confiança nas tecnologias emergentes.
Por fim, o painel também explora a questão crítica da confiança na IA. Wang salienta a importância de um ambiente onde dados sejam continuamente avaliados e melhorados. “Sem confiança nos dados, não podemos esperar decisões precisas”, alerta. Wang concluiu sua apresentação com uma pergunta provocativa: “Onde e quando devemos inserir a presença humana no processo automatizado?” Para ele, essa é a questão fundamental que determinará o sucesso das empresas na era da inteligência artificial. “É sobre encontrar o equilíbrio certo entre máquina e humano”.
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