A maior oposição (passiva) da história

Com raras exceções, a ‘maior oposição da história’ é passiva. Nada fez quando Anielle Franco desfilou de motinha sem capacete no complexo da Maré. Questionada pela imprensa por repetir a infração de trânsito, popularizada nas motociatas de Jair Bolsonaro, a ministra de Estado explicou que segue outras leis. “A circulação, na grande parte de territórios de favelas e periferias do Rio de Janeiro, historicamente, não se faz com capacete, pois há riscos dentro da própria comunidade de incitar confronto”, disse, sem pudor.
Na semana passada, enquanto a Câmara debatia a reforma tributária sob o chicote de Arthur Lira, deputados bolsonaristas encenavam mais um imprestável pedido de impeachment contra Lula. Muitos desses parlamentares optaram por garantir sua ‘golden shower’ de emendas em vez de questionar a pressa do presidente da Câmara, que agora esfrega na cara de todos sua agenda privada: um cruzeiro marítimo com o cantor brega Wesley Safadão. Não há o que fazer, dizem.
Deve ser difícil mesmo fazer oposição ativa neste país. Melhor gritar “Tarcísio traidor!” e postar nas redes algum meme contra a parada gay.

Arthur Lira é flagrado em cruzeiro marítimo com o cantor Wesley Safadão