Órgão da presidência prepara política de defesa cibernética

O risco de sofrer um ataque cibernético é hoje uma das maiores ameaças, se não a maior, ao Brasil, na avaliação do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), órgão da Presidência. Por isso, o Gabinete elabora uma Política Nacional de Defesa Cibernética, embrião de uma futura Agência Nacional de Segurança Cibernética como a existente nos Estados Unidos.

Essa “política nacional” definiria os objetivos de segurança cibernética do País e, posteriormente, haveria uma “estratégia nacional” que estabeleceria “como” os objetivos seriam alcançados (ou seja, quais seriam os instrumentos e os atores envolvidos).

O ministro-chefe do GSI, Marco Edson Gonçalves Dias, já levou o plano para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva que autorizou a submissão do documento para outras áreas do governo. Caso vingue como iniciativa governamental, essa política nacional seria proposta como lei, a ser aprovada no Congresso.

“Imagine se para uma turbina (da hidrelétrica) de Itaipu? Ou se para o linhão norte-sul (que integra geradores de energia do Norte e Nordeste com consumidores do centro-sul)? Ou se o sistema bancário for atacado? Qual não seria o prejuízo para a economia? Ou se o sistema do Bolsa Família fosse atacado para inserir ou excluir 10 milhões de pessoas, qual não seria o prejuízo para o governo? Hoje existem países com capacidade de fazer esse tipo de ataque”, diz Gonçalves Dias.

Essa ideia surgiu pelo Exército em 2013 e, na época, foi defendida pelo general então à frente do Comando de Defesa Cibernética do Exército, José Carlos dos Santos.

Gonçalves Dias também é general. Mas não acredita que uma eventual agência tenha necessariamente de ficar sob a guarda de alguma área das Forças Armadas ou mesmo do GSI. Poderia estar em outra estrutura do governo. Nos EUA, diz ele, há um modelo híbrido, com civis e militares na Agência de Segurança Cibernética e Infraestrutura (Cisa, na sigla em inglês).

Segundo o ministro, o Brasil tem um gap de 500 mil pessoas especializadas em TI e um dos setores expostos é o bancário. Gonçalves Dias conversou com representantes da Febraban, a federação dos bancos, sobre a ideia de uma política de defesa cibernética. O apoio deles pode ser útil na aprovação de uma futura lei.

*Com informações da CartaCapital