Para a Softex, é possível conter a fuga de talentos do país
A fuga de talentos qualificados em Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) continua sendo um dos principais entraves para o desenvolvimento tecnológico do Brasil. É o que aponta o novo relatório do Observatório Softex. O documento analisa os desafios da formação e retenção de profissionais na área e propõe caminhos para reverter o cenário atual, marcado por migração crescente de especialistas — especialmente em áreas como inteligência artificial — para países como Canadá, Alemanha e Japão. O estudo destaca cinco pilares estratégicos para reter profissionais e aumentar a competitividade digital do país.
O material identifica desigualdades estruturais e fragilidades internas como fatores decisivos para a fuga de cérebros. Entre os principais motivos citados estão as diferenças salariais, a baixa atratividade do ambiente de pesquisa, a escassez de investimentos em P&D, e a falta de reconhecimento profissional.
Competitividade digital em risco
De acordo com o levantamento, o Brasil ocupa posições baixas nos rankings internacionais de competitividade digital, com destaque negativo nos indicadores de habilidades digitais e atratividade para profissionais estrangeiros. A migração de talentos brasileiros qualificados — inclusive um número crescente de mulheres — representa uma perda significativa de capital humano e compromete a capacidade do país de inovar, além de ampliar a dependência tecnológica externa.
Segundo a coordenadora de Inteligência e Design de Soluções da Softex, Rayanny Nunes, a fuga de talentos de profissionais de TI do país para o exterior não é exclusiva do Brasil. A pesquisadora observa que esse movimento global de atração de talentos é intensificado por países com políticas públicas mais eficazes.
“A fuga de cérebros no setor de TIC reflete o apetite global por profissionais altamente qualificados, especialmente em uma indústria tão estratégica”, afirma. Países como Canadá, Alemanha e Japão registram saldos positivos na atração de talentos.
Cinco pilares para a retenção de talentos
O estudo identifica cinco pilares essenciais para reverter o quadro:
- Educação de qualidade, com foco em competências digitais e conexão com as demandas do setor produtivo;
- Desenvolvimento profissional contínuo, com estímulo à pesquisa e à capacitação especializada;
- Remuneração competitiva, que reduza o diferencial em relação a mercados internacionais;
- Qualidade de vida, incluindo aspectos como segurança, infraestrutura urbana e acesso a serviços;
- Políticas públicas eficazes, com marcos legais que incentivem a inovação e a permanência de talentos no país.
Embora a remuneração ainda seja um fator central, o relatório destaca que a estabilidade no emprego, os benefícios, a flexibilidade de jornada e o reconhecimento profissional também influenciam a decisão de permanecer no Brasil.
Casos internacionais e recomendações
O estudo cita os casos da Índia e de Cingapura como exemplos bem-sucedidos de transformação da evasão de talentos em circulação produtiva de conhecimento, por meio de políticas públicas focadas em formação técnica, valorização profissional e conexão com o mercado global.
No Brasil, instrumentos como a Lei do Bem e a Lei de Informática são considerados relevantes, mas ainda insuficientes. O relatório defende sua ampliação e a integração com outras estratégias de fomento à economia digital, como currículos acadêmicos alinhados com as tecnologias emergentes, planos de carreira mais atrativos e ambientes de trabalho inovadores.
“Mais do que conter a evasão, o Brasil precisa se tornar um país onde talentos queiram permanecer, crescer e inovar”, conclui Rayanny Nunes. (Com assessoria de imprensa)
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