Para onde vai o dólar?

Quem nunca ouviu a famosa frase: “O câmbio foi feito por Deus para humilhar os economistas”? Se há dúvidas de quem seja o autor original da célebre expressão, sobra consenso da sua veracidade. No contexto atual, então, fazer qualquer previsão de câmbio se torna matéria praticamente impossível. Mas, mesmo assim, não ficaria em cima do muro.
Até pouco tempo, havia pressão de alta no dólar por conta da imposição das tarifas protecionistas por Donald Trump contra o México, China, Canadá, e possivelmente outros países. A elevação da moeda norte americana é explicada por conta da perspectiva de mais inflação nos EUA com a medidas protecionistas. Mais inflação significa elevação de juros, aumentando a demanda por dólar.
Além disso, a imposição de barreiras ao comércio diminuiria a exportação dos outros países para os EUA, reduzindo a oferta externa de dólares, o que elevaria a cotação da moeda norte americana contra as demais moedas do mundo. Entretanto, essa lógica passou a ser questionada pelo mercado. Isso porque há um receio de que as tarifas protecionistas tragam também desaceleração da atividade econômica nos EUA. Com a perspectiva de menor crescimento dos EUA, o dólar tem caído contra várias moedas.
Além do cenário externo, há uma outra variável que afeta o preço do dólar aqui no Brasil: as expectativas macroeconômicas. Basicamente, quanto as perspectivas fiscais melhoram, o dólar cai. Em sentido contrário, o dólar sobe.
Levando em conta todos esses fatores, acredito que o cenário fiscal brasileiro tende a piorar por conta da elevação de gastos do governo para ganhar as eleições em 2026. Nesse cenário, a cotação da moeda norte americana aumentaria, a despeito da queda recente do dólar contra outras moedas. O tempo dirá se serei mais um economista humilhado pelo câmbio.