Pelé foi chamado de Rei pela primeira vez depois da goleada da seleção brasileira sobre a França, na semifinal da Copa-1958

Nessa sequência do “Memória da Pan” sobre o maior jogador de futebol de todos os tempos, destaco hoje a partida em que Pelé foi chamado de Rei pela primeira vez. No dia 24 de junho de 1958, a seleção brasileira goleou a França por 5 a 2, em Estocolmo, na Suécia, e garantiu vaga na decisão contra os donos da casa. O camisa 10 marcou três gols no segundo tempo e massacrou os adversários que, até aquela altura, tinham o melhor ataque da Copa. Já o Brasil era dono da melhor defesa e não havia sofrido gols no mundial, até então. 

BRASIL 5 × 2 FRANÇA – Estocolmo (Solna) – 24.06.58

Brasil: Gylmar, De Sordi, Bellini, Orlando e Nilton Santos; Zito, Didi, Garrincha, Vavá, Pelé e Zagallo
Técnico: Vicente Feola
França: Abbes, Kaelbel, Jonquet, Lerond, Penverne, Marcel, Wisniewski, Just Fontaine, Kopa, Piantoni e Vicent
Técnico: Albert Batteux
Árbitro: Benjamin Griffiths (País de Gales)
Gols: Vavá (2), Fontaine (9), e Didi (39) no primeiro tempo; Pelé (aos 8, 19 e 31) e Piantoni (38) na etapa final
Público: 27.100

A goleada histórica deixou a imprensa empolgada com o desempenho da seleção. A Manchete Esportiva exaltou: “Vitória do Brasil por 5 a 2, numa afirmação grandiloquente de uma superioridade absoluta e numa demonstração de que o time nacional está produzindo como máquina, com todas as suas peças perfeitamente ajustadas”. Outras manchetes dos jornais: “Blitz do Brasil arrasa a França” e “O menor Pelé foi uma das maiores figuras do Brasil”. Foi um jornal francês o primeiro a chamar Pelé de Rei. E não era para menos. 

O placar poderia ter sido mais elástico se não fossem dois erros da arbitragem, como citou o cronista Nelson Rodrigues: “(…) No jogo Brasil x França, o árbitro comportou-se como um larápio. Não houve, em toda a história da Copa, um roubo mais cristalino e cínico. Tivemos que fazer três gols para que valesse um. E o escrete brasileiro nem piscou. Deixou-se furtar e só faltou beijar a testa do ladrão (…).” 

Lembrando que na partida anterior, pelas quartas de final, a equipe comandada por Vicente Feola tinha vencido o País de Gales, em Gotemburgo, com um gol salvador de Pelé. Para ele, foi o tento mais importante da carreira. “(…) No plano pessoal, considero o jogo contra o País de Gales o mais importante da competição para mim. Sabia que, se perdêssemos, seríamos eliminados. E aquele gol foi, quem sabe, o mais inesquecível da minha carreira. Fez minha autoconfiança disparar de vez. O mundo agora sabia quem era Pelé. Ninguém me segurava mais (…)”, afirmou em sua autobiografia. Contra os galeses, aquele foi o primeiro dos 12 gols de Pelé na história das Copas. 

Eu te convido a ouvir a íntegra do duelo contra os franceses. A transmissão é da Rádio Nacional do Rio de Janeiro. A narração é de Jorge Curi e Oswaldo Moreira. Amanhã, falaremos sobre a decisão contra a Suécia.

Brasil 5 x 2 França – semifinal da Copa de 1958