‘Plano de paz chinês pode ser base para solução do conflito’, afirma Putin

Em encontro realizado com o presidente chinês, Xi Jinping, no Grande Palácio do Kremlin, nesta terça-feira, 21, o líder russo, Vladimir Putin, afirmou que o plano de paz para a Ucrânia apresentado pela China pode servir de base para uma futura solução do conflito. “Muitos dos pontos incluídos no plano de paz da China estão alinhados com as posições russas e podem servir como base para um acordo pacífico”, declarou Putin, ao lado do chinês, após assinarem 14 documentos de cooperação em áreas que vão da economia à energia atômica, passando por mídia e pesquisa científica. “Quando o Ocidente e Kiev estiverem prontos para ele. Até porque, por enquanto, não vemos tal disposição da parte deles”, acrescentou o russo, que também falou que os países podem encontrar uma solução até para os problemas mais complicados, completou o governante russo. Por sua vez, Xi garantiu que a China está comprometida “com a paz e o diálogo” e “apoia ativamente a reconciliação e o restabelecimento das negociações” entre Rússia e Ucrânia, inexistentes desde a última tentativa na primavera de 2022 por parte do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan. “Gostaria de salientar que, na busca pela solução do conflito ucraniano, invariavelmente contamos com os estatutos da ONU e nos atemos uma posição objetiva e imparcial”, destacou.  Os líderes também concordaram que “guerra nuclear não deve acontecer ‘jamais’”. “As partes declaram novamente que não pode haver vencedores em uma guerra nuclear e que esta última não deve ser desencadeada jamais”, afirmaram Vladimir Putin e Xi Jinping em uma mensagem conjunta, enfatizando que um confronto desse tipo só deixaria perdedores.

No seu plano de paz, a China defende, por um lado, a soberania e a integridade territorial da Ucrânia, a cessação das hostilidades e o reatamento das negociações de paz e, por outro, que sejam levadas em conta as preocupações de segurança da Rússia face ao avanço da Otan. Além disso, pede o levantamento das sanções adotadas pelo Ocidente contra a Rússia devido à chamada “operação militar especial”. Sobre a iniciativa chinesa, Kiev alertou que, antes de implementá-la, a Rússia deve retirar suas tropas do território ucraniano, se referindo ao fato de o plano de Pequim não fazer alusão à anexação ilegal de quatro regiões ucranianas por Moscou. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, está na expectativa para conversar com Xi por videoconferência assim que terminar sua viagem a Moscou. Contudo, o Kremlin descartou um possível contato entre os líderes. “Os americanos disseram que entendem que o presidente chinês esteja agora ocupado com uma visita à Rússia. Também acho que ele está ocupado com isso. Não acho que haverá conversas com Kiev hoje ou amanhã”, disse à televisão pública russa Yuri Ushakov, conselheiro do Kremlin para assuntos internacionais. Tanto Kiev quanto o Ocidente instaram o líder chinês nos últimos dias a usar sua influência sobre o Kremlin para interromper as hostilidades na Ucrânia.

Na reunião desta terça, Rússia e China se mostraram “preocupadas” com a crescente presença da Otan na Ásia. “Estamos preocupados com o reforço crescente dos vínculos entre a Otan e os países da região Ásia-Pacífico em relação a questões militares e de segurança”, indicaram Putin e Xi, acusando a Aliança Atlântica de “minar a paz e a estabilidade regional”. Moscou e Pequim “são contra a formação de blocos fechados exclusivos na região da Ásia-Pacífico”, destacaram, denunciando “a influência negativa da estratégia dos Estados Unidos, guiada por uma mentalidade da Guerra Fria (…) sobre a paz e estabilidade nessa região”. Os líderes também expressaram o desejo de utilizarem o yuan chinês no lugar do dólar como resposta ao bloqueio econômico imposto à Rússia. “Somos a favor do uso do yuan chinês em acordos entre a Federação Russa e os países da Ásia, África e América Latina”, disse Putin.

*Com informações de agências internacionais