Pornografia on-line leva jovens a naturalizar violência sexual, diz estudo


Pesquisa feita na Inglaterra mostra que metade das meninas espera que relações sexuais contenham agressões físicas. Twitter é a principal plataforma citada como meio para achar o conteúdo. Pornografia on-line leva jovens a naturalizar violência sexual, diz estudo
Foto de Anete Lusina
De acordo com quase metade dos jovens na Inglaterra, as meninas “esperam” que as relações sexuais resultem em agressões físicas, segundo um relatório publicado nesta terça-feira (31) sobre o impacto da pornografia em crianças e adolescentes.
O anúncio “põe em evidência a necessidade urgente de proteger as crianças dos prejuízos da pornografia on-line”, afirmou Rachel de Souza, comissária para a Infância e dirigente de um órgão público que protege os direitos das crianças no Reino Unido.
“Me preocupo profundamente com a normalização da violência sexual na pornografia on-line e no papel que ela desempenha na formação da sexualidade e dos relacionamentos das crianças”, acrescentou.
Segundo esta pesquisa, realizada com 1.000 adolescentes na Inglaterra entre novembro e janeiro, um em cada 10 jovens havia visto pornografia aos nove anos de idade, e um em cada dois, aos 13 anos.
Antes dos 18, quase oito em cada 10 jovens viram pornografia violenta, envolvendo atos sexuais coercitivos, degradantes, ou dolorosos, observa o relatório, alertando que “os usuários frequentes de pornografia têm maior probabilidade de se envolver em atos sexuais fisicamente agressivos”.
A partir destes dados, 47% das pessoas entrevistadas acreditam que as meninas “esperam” que as relações sexuais envolvam agressões físicas. Já 42% acham que a maioria delas “gosta” destes atos.
Quase 40% dos jovens de 16 a 21 anos afirma ter encontrado pornografia nas redes sociais por acidente, porém, metade dos entrevistados (58% meninos e 42% meninas) diz ter buscado por conta própria na Internet.
O Twitter é a principal plataforma citada, com 41%, seguida dos sites pornográficos (37%), Instagram (33%), Snapchat (32%) e buscadores (30%).
Quase um em cada dois jovens de 18 a 21 anos já sofreu algum ato sexual violento definido como agressivo, coercitivo ou degradante. Segundo o relatório, “as meninas são muito mais propensas a serem vítimas do que os meninos”.
“Representações de degradação, coerção sexual, agressão e exploração são comuns e dirigidas de forma desproporcional às adolescentes”, alertou De Souza.
“Nunca vou me esquecer de uma menina que me contou do seu primeiro beijo com o namorado, de 12 anos, que a estrangulou. Ele viu em filmes pornográficos e achou que fosse normal”, completou.
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