Primeira professora negra do ITA revela como enfrentou preconceito e mostrou seu valor

Nesta semana, o programa Mulheres Positivas apresentou uma programação especial focada em mulheres cientistas. A apresentadora Fabi Saad conversou com Sônia Guimarães, a primeira mulher negra a lecionar no ITA (Instituto Tecnológico de Aeronáutica). A professora e cientista revelou como enfrentou o racismo em sua carreira. “Nunca me foi dito que o que fizeram comigo foi porque eu era mulher e negra, mas, sim, porque eu era incompetente. Eu era a única professora mulher da física, nessas avaliações estava dito que eu não sabia física. Eram alunos do 1º ano, segundo semestre. Eles sabiam todo meu conhecimento de física, [mas diziam] que eu era a pior professora de todos os tempos. Por causa dessas avaliações, eu fui expulsa do ITA”, relembrou.

“Nesses 13 anos, eu tenho uma patente. Agora, além de cientista, sou inventora. Aquela professora que era a pior de todos os tempos ganhou um prêmio. Quando lhe disserem que você não é o suficiente, consiga o que eles estão dizendo que você não vai conseguir”, aconselha Sônia. “A maior nota do vestibular do ITA deste ano foi uma menina, e a terceira melhor nota também foi uma menina. Meninas, venham para o ITA, o mundo é nosso.”

Natália Couto Azevedo, especialista em medicina veterinária, também deu dicas para mulheres que desejam iniciar uma pós-graduação. “Todas as ciências da saúde têm uma interface com a ciência, a ciência é como nós desenvolvemos essas áreas. As inovações e as descobertas são por meio da ciência. A veterinária e a mesma coisa”, disse. “O mestrado é de aproximadamente dois anos, e o doutorado, de quatro anos. Eu acho que é organização principalmente [o diferencial]. Acho que é saber qual o momento. Tem o momento de fazer sua pós-graduação e a imersão naquele assunto. Dedicação plena naquilo, ao estudo do seu objeto. É possível? É. Eu acho que toda menina, desde jovem, não pode desistir, não deve se pautar pela opinião alheia para seguir seu caminho. Se ela acreditar que esse é o caminho, esse é o caminho.”

Seguir o próprio caminho é o que fez Mariana Milena, jovem de 19 anos. Apaixonada por astronomia, ela contou como se tornou cientista cidadã vinculada à Nasa. “Amo ciência desde criança, minha mãe é professora de biologia. Fui criada nos corredores da escola em que ela trabalha, ciência sempre foi uma coisa muito natural para mim. Mesmo quando era criança, aulas sobre sistema solar eram as que eu mais gostava. Amava os desenhos dos planetas, das apostilas”, revelou. “Eu precisava de impulso, de um incentivo a mais. Demorou bastante, foi lá em 2020, em plena pandemia, que fiz um curso da USP para engajar e empoderar meninas e mulheres da ciência. Foi nesse curso que eu tive contato próximo com cientistas da USP.”

Confira na íntegra o programa Mulheres Positivas: