Prysmian adapta estratégia para novos tempos na demanda por fibra

Emerson Tonon - CEO Brasil - Grupo Prysmian
Emerson Tonon – CEO Brasil – Grupo Prysmian

A fabricante Prysmian está se mexendo para diversificar os clientes que possui em cabos de fibra óptica e passou a mirar com mais afinco os data centers. A empresa acaba de estruturar uma área dedicada a este tipo de comprador, que consome cabos de fibra específicos, mas também muitos cabos de energia, observou o CEO da empresa no país, Emerson Tonon, em entrevista online nesta segunda, 21.

Fábrica de fibra óptica da Prysmian, em Sorocaba, no interior de São Paulo (crédito: Divulgação/Prysmian)

O executivo lembrou que as operadoras e provedores de internet seguem como grandes, principais e potenciais grandes compradores de fibra.

Mas a demanda do segmento de data center exige produtos segmentados para atender a especificidade desse ecossistema, algo que a empresa vem desenvolvendo e culminou com a criação da nova área.

A oportunidade vista pela Prysmian em data centers segue anúncios recentes de aportes vultosos do setor de data centers na construção ou ampliação das infraestruturas no país, de Norte a Sul. Nos últimos dois anos foram anunciados bilhões em investimentos privados de Ascenty, Scala, Odata, V.tal, para citar apenas quatro empresas.

Perspectiva melhor para a fábrica de Sorocaba

Na semana passada, o governo implementou uma elevação temporária, por seis meses, do imposto de importação sobre cabos ópticas e fibras ópticas. A Prysmian solicitou o aumento. Principal interessada no tema, é dona da única fábrica de fibras ópticas da América Latina, localizada em Sorocaba (SP).

O anúncio reduz, mas não liquida, a disparidade do preço da fibra feita no Brasil em relação à vinda da China. A solução de fato para a questão virá com o desfecho do processo antidumping que está sob análise do Ministério do Desenvolvimento.

“Essa decisão [de elevar a tarifa] valoriza a importância e mostra sensibilidade do governo em relação à indústria nacional”, avaliou, no entanto, o executivo.

Segundo ele, isso permitiu à empresa manter fábrica de Sorocaba em operação – atualmente produz 100 milhões de quilômetros de fibra, metade da sua capacidade instalada. Também contribui para convencer a matriz da empresa – a Prysmian Brasil é subsidiária do grupo italiano – sobre a importância de manter a unidade fabril na América Latina.

“Sobrevivemos, isso é o mais importante para quem não tinha visão de continuar. E temos a expectativa de que antidumping venha e nos ajude. Essa luta continua”, afirmou.

Atualmente, a fibra chinesa chega ao Brasil com preço abaixo do custo. O produto importado sai por 60% menos do que o feito no Brasil, em um produto que o insumo representa 80% do custo de produção. “A conta não fecha. A China tem incentivos, é essa a diferença. Ano passado paramos nossa produção por três meses. Vários países está adotando medidas para se proteger da inundação de fibra chinesa”, diz Tonon. Como exemplos, cita Europa, EUA e México.

Inaiê Reis, diretora jurídica da Prysmian para a América Latina, diz que as perspectivas são positivas. “O processo antidumping deve ser concluído apenas no final de 2025, mas há a tendência de que possamos usufruir dos benefícios de sua conclusão a partir do primeiro semestre, com uma antecipação das medidas que deverão ser tomadas”, afirma a executiva. A seu ver, há chances reais de o governo determinar regras de tributação de 40% adicional à fibra da China como proteção antidumping.

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