Putin afirma que vai apoiar quem vencer na Turquia; país terá segundo turno em 28 de maio

O presidente da Rússia, Vladimir Putin, comentou nesta segunda-feira, 15, o resultado das eleições da Turquia e declarou que vai apoiar quem vencer, seja seu aliado Recep Tayyip Erdogan, ou o líder que oposição Kemal Kilicdaroglu, que chegou a acusar os russos de interferências na eleição, mas que disse que se vencer pretende manter um diálogo com Moscou. “Temos grande respeito pela escolha do povo turco e vamos respeitá-la, mas, de qualquer forma, esperamos que nossa cooperação continue, se aprofunde e se amplie”, disse o porta-voz russo, Dmitry Peskov. Apesar da aliança entre o atual líder e Putin, na Rússia a maioria votou a favor do fim da era Erdogan, que já dura 20 anos. Segundo a agência de notícias estatal turca Anadolu, Kilicdaroglu venceu nos colégios eleitorais russos, com 54% dos votos. No Brasil, ele também saiu vencedor, 70% dos eleitores aptos a votar escolheram a oposição. Erdogan, que obteve 49,4% dos votos, e Kilicdaroglu, que integra uma aliança de oposição de seis partidos, chegou a 44,95%. |Eles disputam a presidência turca no próximo dia 28 de maio.

Apesar de ter conseguido atingir 50% em determinada parte da apuração, o atual chefe de Estado não conseguiu manter a média e viu sua vantagem ir diminuir, fazendo com que um segundo turno fosse necessário para eleger o novo governante. Na Turquia, para vencer logo de primeira, é preciso obter 50% dos votos mais um. O resultado obtido diverge dos que apareceram nas pesquisas que antecederam as eleições. Apesar de já indicar que a disputa seria acirrada, Kilicdaroglu, aparecia na frente com cinco pontos. Essa é a primeira vez na história da Turquia que haverá uma segundo turno presidencial, e Erdogan tem vantagem. Os 64 milhões de eleitores do país compareceram em massa às urnas e o índice de participação provisório é de quase 90%. Os resultados do dia 28 dependerá parcialmente de um terceiro candidato, o nacionalista Sinan Ogan, que recebeu quase 5% dos votos no domingo. Até o momento ele não pediu a seus simpatizantes que votem em nenhum dos candidatos. Kemal Kilicdaroglu prometeu nesta segunda-feira vencer o segundo turno. “A vontade de mudança na sociedade é maior do que 50%”, disse.

Mesmo tendo vencido o primeiro turno, essas eleições são as mais difíceis para Erdogan, que chegou ao poder em 2003. O terremoto que abalou o país em fevereiro, foi um dos problemas que balançaram ainda mais seu governo, que já vinha recebendo negativas devido aos problemas econômicos que assolam a região e afetou o poder de compra do público. Nesta segunda, em meio a incerteza das eleições, a lira turca alcançou o seu nível mais baixo de cotação em relação ao dólar. Pela manhã, a moeda oscilava em torno de 19,6 unidades por dólar, o seu pior valor da história, depois de uma queda momentânea na sexta-feira passada que atingiu níveis semelhantes e marcando uma queda acumulada de 1% desde o início do mês. Desde o verão passado, a lira tem gradualmente perdido valor em relação ao dólar, com oscilações mínimas, e muitos analistas turcos alertam para o fato de o banco central turco estar mantendo a taxa de câmbio artificialmente estável através de intervenções e restrições à compra de moeda por parte das empresas.

eleição na turquia

Em decorrências dessas situações, os eleitores estão votando com base em quem consideram mais capaz de administrar os danos deixados pelo terremoto, proteger o país de futuros desastres que possam acontecer e que consiga recuperar a economia. Nos planos de Kilicdaroglu, ele promete reduzir a inflação “para apenas um dígito dentro de dois anos” e “devolverá a credibilidade da lira turca”. A moeda perdeu cerca de 80% de seu valor em cinco anos frente ao dólar. Outro ponto que tem pesado contra Erdogan, é a preocupação dos eleitores com o fato dele estar se afastando da democracia, pois ele está diminuindo a independência das instituições, perseguindo jornalistas, militares, oposição, professores, o que, segundo especialistas, faz com que ele esteja se tornando um grande autocrata. A eleição na Turquia tem sido acompanhada de perto, não somente pela Rússia, que já se manifestou sobre os possíveis resultados, como pelo Ocidente, principalmente pelo fato de que o país faz parte da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e, junto a Hungria, tem barrado a adesão da Suécia. A Turquia tem mediado questões da guerra na Ucrânia, que se encaminha para o segundo ano, e é a porta de entrada a para a Europa, devido à sua posição geográfica — está entre a Europa e o Oriente Médio —, desempenha papel crucial na moderação do fluxo de refugiados para a União Europeia.

*Com informações das agências internacionais