Qual o objetivo de Benjamin Netanyahu ao atacar o Irã?

À luz dos últimos acontecimentos, a guerra entre Israel e Irã era bem previsível. A primeira evidência foi o ataque de Israel à embaixada do Irã na Síria, com a resposta calibrada do país persa a fim de não escalar o conflito. O segundo sinal para eclosão da guerra foi o assassinato do líder do Hamas em Teerã no mesmo dia da posse do novo presidente iraniano. Novamente, o Irã respondeu, mas desta vez com um pouco mais de intensidade, acertando alvos militares, com o objetivo de demonstrar que tem capacidade de reação numa eventual guerra entre os dois países.
Até que se chega aos ataques promovidos por Israel na madrugada desta sexta-feira (13). A justificativa para a morte das lideranças do regime de Teerã — e o bombardeio de alvos militares em áreas de produção de enriquecimento de urânio — foi a possibilidade de Israel utilizar energia nuclear para construir uma bomba atômica, e atacar Israel. Entretanto, não faz muito sentido essa justificativa, quando EUA e Irã sentariam numa mesa de negociação em Omã para selar um acordo sobre enriquecimento de urânio e produção de energia nuclear no dia 15 de julho — exatamente a dois dias dos ataques.
Provavelmente, Israel atacou o Irã porque enxergou uma janela de oportunidade para derrubar o regime de Teerã sob a alegação de “ataque preventivo”, mesma justificativa utilizada pelos EUA para invadir o Iraque e aniquilar a ditadura de Saddam Hussein. Entretanto, a queda regime de Teerã está longe de garantir a paz na região. Um novo regime poderá ser igualmente hostil a Israel e continuar os programas de enriquecimento de urânio — até porque a maioria das bases são subterrâneas e não foram destruídas.
A guerra do Iraque e a Primavera Árabe mostraram que a derrubada de regimes pela força pode ser substituída por piores governo, gerando mais caos e terrorismo — infelizmente. A solução para paz de Israel não é fácil, mas deve passar de alguma maneira por uma saída negociada politicamente.