Realidade Virtual ajuda a educar sobre mudanças climáticas

USP-RCGI Digital Lab

Na vanguarda de inovações com foco na redução da emissão de gases do efeito estufa geradas pela ação humana estão as pesquisas e inovações lideradas pela academia. Um dos exemplos é o Centro de Pesquisa e Inovação em Gases de Efeito Estufa (RCGI) da Universidade de São Paulo (USP), referência mundial em desenvolvimento de soluções de energias renováveis, eficiência energética, armazenamento de energia, captura e armazenamento de carbono, biocombustíveis e restauração florestal.

O centro abrange projetos de pesquisa e desenvolvimento tecnológico em diversas frentes, como a captura e utilização de carbono, descarbonização e soluções baseadas na natureza. “Nossas pesquisas demonstram que a tecnologia evolui para o enfrentamento das mudanças climáticas e preservação dos biomas, contudo, ela não irá salvar o problema sozinha. Por tratarmos de temas que envolvem múltiplas escalas, os diferentes atores precisam compreender as tecnologias para que possam adotá-las”, ressalta o professor Caetano Rodrigues Miranda, diretor de Difusão do Conhecimento do RCGI.

O USP-RCGI Digital Lab, inaugurado pelo centro em abril, surge da necessidade de sensibilizar e educar o público sobre situações que estão fora do cotidiano, como os processos moleculares que ocorrem no sequestro de dióxido de carbono (CO2) em reservatórios geológicos ou o fenômeno do aumento das temperatura do planeta Terra.

O espaço combina as características de um museu, um simulador e um estúdio artístico. A tecnologia de realidade virtual, por sua vez, viabiliza a interação com dinâmicas em escala molecular e planetária para uma melhor compreensão das mudanças do clima e das soluções para enfrentá-las. “A realidade virtual é uma interface de divulgação das pesquisas e soluções desenvolvidas no RCGI, bem como uma forma de letramento de futuros”.

No laboratório, o público pode visualizar a transformação da molécula de CO2, o gás mais abundante do efeito estufa e resultante das atividades humanas, em outros produtos. Ou, então, observar o processo de sequestro do CO2 sob a forma mineral, reduzindo toneladas de emissões anuais.
Miranda lembra que a mitigação é um tema que ainda não está claro para boa parte da população e também para as empresas. “A projeção de cenários via realidade virtual é uma perspectiva para a  educação sobre os problemas e de sensibilização para que ações sejam repensadas no presente com o objetivo de mitigar os efeitos das mudanças do clima”.

Realidade virtual: conhecendo a floresta

Na escala planetária, uma das vivências do laboratório é a visita virtual à Torre Amazon Tall Tower Observatory (ATTO), ou Torre Alta da Amazônia, a maior torre de pesquisa ambiental da América Latina, com uma altura de 325 metros, localizada no meio da floresta. Por meio de óculos de realidade virtual, os visitantes são transportados para a copa das árvores da Amazônia, podendo observar os mecanismos de monitoramento metereológico e de gases de efeito estufa, além da exuberância da floresta.

As imagens são captadas e ajustadas pelo time do laboratório em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), a partir do uso de drones e câmeras 360 graus. A logística até a torre envolveria uma viagem que incluiria estradas, travessias de barco e trilhas pela floresta, sem contar a escalada até o topo.

“Já vemos mudanças significativas no clima do Sudeste e do Sul devido aos incêndios e desmatamento na Amazônia e isso pode impactar, inclusive, a eficiência agrícola”. Segundo o professor, a experiência em realidade virtual mostra a grandiosidade dos biomas e os riscos de não se cuidar devidamente deles. “O conhecimento desperta a empatia”.

Por meio da tecnologia, o USP-RCGI Digital Lab busca promover discussões entre múltiplos atores, como pesquisadores, estudantes e tomadores de decisão dos setores público e privado. Nesse sentido, Miranda destaca projetos que podem ampliar a consciência do setor agrícola para a necessidade de preservação dos biomas. É o caso do programa de soluções baseadas na natureza  que envolvem técnicas de restauração da vegetação nativa, expansão de sistemas agrícolas integrados e restauração de áreas de pastagens que possibilitam a fixação de carbono no solo.

Outra iniciativa em desenvolvimento é um banco de dados aberto sobre as emissões de GEE da Amazônia brasileira. O monitoramento desses gases é realizado por meio de técnicas avançadas de big data e visa compreender o papel da Amazônia no clima global, bem como orientar a criação de políticas públicas de combate ao desmatamento e de mitigação da mudança do clima.

As visitas ao USP-RCGI Digital Lab são feitas mediante agendamento, porém, a universidade quer difundir esse conhecimento nas escolas e, para tanto, atualmente trabalha no desenvolvimento de materiais educativos. “Nosso foco principal são as gerações futuras, pois elas terão que lidar com as consequências das mudanças do clima ”.

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