O fim das lojas como conhecemos: a revolução digital no varejo mudará tudo?

Mão humana tocando um ícone digital de carrinho de compras em uma interface futurista, com elementos gráficos e luzes brilhantes. A imagem representa compras online, e-commerce e tecnologia no varejo (compras, procurement, shop, e-commerce, varejo, gartner)

Na tentativa de vislumbrar o futuro do varejo, a NRF trouxe ao Javits Center, em Nova York, temas amplos focados em tecnologia, comportamento do consumidor e economia global. A feira, que tem uma proposta de alcance global, contou com 30% do público de brasileiros e deixou claro que o mundo do varejo vive uma transformação sem precedentes, mas que exige alguns cuidados. O que antes era centrado em grandes lojas físicas e transações simples evoluiu para uma complexa rede de interações digitais e experiências personalizadas, que vão desde o entendimento do comportamento do cliente baseado em inteligência de dados e pesquisas até eficiência na jornada de compra e maior engajamento do público potencializados com IA e machine learning.

A estratégia de usar o tema IA como ideia central funcionou e atraiu visitantes interessados em compreender como a tecnologia passa a ser um tópico importante na reinvenção dos negócios de varejo não somente na própria eficiência, mas também de marketing. Afinal, empresas que comunicam inovam atraem mais a atenção e interesse do público.

Um dos grandes destaques foi a apresentação de Michelle Evans, da Euromonitor International, que mostrou números que valem a atenção do mercado: 56% do crescimento global do varejo nos próximos cinco anos virá do comércio eletrônico. Isso não significa apenas um aumento nas vendas digitais, mas uma mudança estrutural no setor, impulsionada por novos modelos de negócio, como o Direct-to-Consumer e retail media.

As gigantes Nike e a Nestlé, por exemplo, já lideram essa transição, provando que marcas podem criar conexões mais diretas com seus consumidores sem depender exclusivamente de grandes varejistas.

Essa Era Digital do varejo promete ser abrangente, não se limitando apenas ao comércio eletrônico. A NRF mostrou que estamos vivendo em um momento no qual ferramentas como realidade aumentada e inteligência artificial são aplicadas para reformular a experiência de compra, melhorando a jornada de ponta a ponta. Imagine visualizar, em tempo real, como um móvel ficaria na sua sala antes de comprá-lo ou receber sugestões altamente personalizadas baseadas no seu histórico de compras. Essas inovações não são mais apenas tendências, mas sim uma realidade gerada pelos dados, em grande parte do tempo extremamente precisos e eficazes.

Essa transformação tecnológica está moldando não só o que compramos, mas também como e por que compramos. Há uma busca crescente por valores que vão além do preço. Na América do Norte, por exemplo, 60% dos consumidores preferem marcas comprometidas com a sustentabilidade. Além disso, a saúde e o bem-estar estão no centro das escolhas de consumo, com alta demanda por alimentos que promovam uma vida mais saudável, como proteínas vegetais e produtos de baixo teor de açúcar.

Também não podemos deixar de lado o tema personalização e como as empresas estão se adaptando para oferecer mais conveniência aos consumidores. Na NRF, tendências como os autosserviços, “clique e retire” e plataformas de live streaming para compras de alimentos foram apontados como destaques para o ano de 2025. Essas práticas combinam a praticidade do digital com a interação personalizada que consumidores valorizam tanto e que, talvez, por isso têm conquistado cada vez mais adeptos.

Leia também: “Entender a mente do cibercriminoso é essencial para antecipar ataques”, diz Aamir Lakhani, da Fortinet

Obviamente, a jornada para o futuro do varejo não será isenta de desafios. A competição segue mais acirrada do que nunca, e as marcas passam a lidar com a necessidade não só de manter a rentabilidade, mas de equilibrá-la com inovação e a sustentabilidade. A confiança do consumidor também está em jogo: em tempos de inflação dos Estados Unidos e instabilidade econômica, as pessoas querem sentir que estão fazendo escolhas inteligentes e com propósito. No sentido econômico, pela primeira vez vimos a maior feira de varejo do mundo dividir o tema inovação com alternativas de crédito – algo que por muito tempo foi irrelevante para o mercado norte-americano e que agora ganha uma maior atenção do retail. Em uma era na qual já se é possível fazer pagamentos com apenas a palma da mão, foi interessante ver o mercado norte-americano retroceder alguns passos e dar uma maior atenção à facilidade de pagamento e opções de crédito.

O que fica claro com essa feira é que as empresas que conseguirem integrar tecnologia de ponta, valores humanos e uma experiência de compra memorável, diferenciada e encantadora, terão não apenas sucesso, mas relevância em um mercado que não para de mudar. Afinal, como disse Michelle Evans, o varejo está em constante reinvenção, e aqueles que abraçarem essa dinâmica estarão na linha de frente da próxima grande transformação.

Siga o IT Forum no LinkedIn e fique por dentro de todas as notícias!