Rússia retoma comércio de suínos com a China após 15 anos: como isso impacta o Brasil?

Pode, sim, mas não no curto prazo. A proximidade geográfica entre Rússia e China e a farta disponibilidade de grãos na Rússia, utilizados para alimentação animal, devem colaborar para o crescimento da produção e exportação de suínos no país de Putin. Isso foi o que destacou em relatório a consultoria HN Agro. A produção de carne suína russa subiu 129% de 2008 até a projeção para 2024, saindo de 1,75 milhão de toneladas equivalente carcaça para 4 milhões. Se a capacidade de produção russa e o comércio com os chineses se consolidarem, a Rússia pode tomar uma fatia do mercado brasileiro na China.
A Safras&Mercado destaca que, no curto prazo, o Brasil não terá impactos da proximidade entre Rússia e China, já que tem uma rede de clientes nas exportações que é consolidada e competitiva. Já a Athenagro conclui que esse primeiro embarque da Rússia à China em anos não necessariamente significa queda na participação do Brasil e que o balanço entre oferta e demanda global é o que mais importa. No longo prazo, a Rússia pode oferecer riscos ao mercado brasileiro, especialmente se as alianças geopolíticas com a China se estreitarem. Para que o Brasil fique menos exposto à concorrência, é preciso continuar diversificando destinos. Como a propósito já tem feito com a carne suína.
No primeiro bimestre deste ano, pela primeira vez, as vendas para Hong Kong foram superadas por outros dois destinos, as Filipinas e o Chile, nações de regiões distintas que vem aumentando a compra do produto brasileiro. É um sinal positivo que revela o bom trabalho tanto na qualidade e sanidade da carne suína nacional quanto no comércio, com a conquista de novos mercados. Diversificar é um dos passos mais importantes para gerir riscos, seja em relação à aliança Rússia-China ou outras mudanças que possam afetar o mercado agro.