Saneamento precário, hospitais lotados

Mais de 340 mil internações em 2024 por doenças ligadas à falta de saneamento. Esse dado não é um acidente—é consequência de décadas de omissão. No Brasil, ainda são mais de 90 milhões de pessoas sem coleta de esgoto e 32 milhões sem acesso à água tratada. O resultado? Hospitais sobrecarregados por doenças que já deveriam ter sido erradicadas. A diarreia aguda, por exemplo, segue sendo uma das principais causas de internação infantil no país. Em um ciclo perverso, crianças que adoecem repetidamente têm seu desenvolvimento comprometido, acumulam defasagem escolar e, no longo prazo, encontram mais barreiras para sair da pobreza. No lado econômico, a equação é ainda mais absurda: enquanto o Brasil gasta bilhões tratando pacientes, ignora o fato de que cada real investido em saneamento gera pelo menos R$ 4 de economia em saúde pública. No ritmo atual, a universalização do saneamento, prevista para 2033, parece cada vez mais uma miragem.
Se o Brasil quer um sistema de saúde menos sobrecarregado, trabalhadores mais produtivos e um futuro menos desigual, não há outro caminho: o saneamento básico precisa ser tratado como prioridade absoluta. Caso contrário, os números seguirão crescendo, e as vítimas continuarão sendo as mesmas—os mais pobres, os mais vulneráveis, os invisíveis aos olhos do poder público.