Secretário da Justiça de SP defende privatização do Porto de Santos e elogia reunião entre Tarcísio e Lula

O ex-desembargador Fábio Prieto de Souza assumiu, no dia 1º de janeiro deste ano, a Secretaria da Justiça e Cidadania do Estado de São Paulo para os quatro anos do mandato de Tarcísio de Freitas (Republicanos) à frente do Executivo estadual. Para falar sobre as prioridades da pasta e os grandes desafios da nova gestão, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o secretário nesta sexta-feira, 27. Sobre as diretrizes do governo, Prieto defendeu o projeto de privatização do Porto de Santos e exaltou a reunião entre o governador e o presidente Lula (PT) para discutir a questão: “Nós temos a ideia, o nosso governo, de que tem que privatizar todo o Porto de Santos. No Porto de Santos, nós escoamos boa parte da produção, do tráfego, do comércio internacional aqui (…) O nosso governo tem a ideia de que o Porto de Santos seja entregue todo à livre iniciativa. Na parte que ele foi entregue foi um sucesso estrondoso. O governo do presidente Lula, pelo menos na largada, tem uma visão diferente. Ele acha que uma parte do porto tem que ficar com o Estado ainda”.

“O governador teve uma atitude muito sensata, pediu uma audiência com o presidente Lula, foi lá conversar com ele. O presidente Lula também foi muito sensato e recebeu o governador. Eles conversaram e, de repente, um convence o outro. Isso que é política. Nós queremos agora retomar a política como ela sempre foi, você tem uma posição e eu tenho outra. Eu coloco a minha e, se nós não nos convencermos, nós vamos levar a proposta para o eleitor e o eleitor decide. Quem é a favor de mais Estado vota no candidato A, quem acredita na livre iniciativa vota no candidato B. Isso que é a política”, elogiou. À frente da Secretaria da Justiça e Cidadania, o advogado prometeu priorizar o cidadão: “Pretendo não ser a Secretaria de Justiça e Cidadania, mas a Secretaria de Cidadania e Justiça. Na minha percepção, e eu já tinha essa percepção como estudioso e magistrado, a hora de protagonizar é do cidadão (…) O sistema de Justiça acabou se incorporando de decisões, ele toma decisões que seriam decisões que, como acontece nos demais países, nós temos que devolver ao cidadão”.

O secretário também falou sobre o grupo de trabalho criado para lidar com a questão da Cracolândia: “Esse é um problema que tem 30 anos e nenhum de nós vai resolver sozinho. Ele pôs como gerente do projeto o vice-governador Felício Ramuth. E nós participamos de várias audiências, com estudos, e pudemos ouvir aquilo que deu certo e aquilo que não teve o mesmo êxito. Montamos um programa bastante amplo, envolvendo governo do Estado, Prefeitura, entidades civis, médicos, psicólogos e assistentes sociais. E todos demandam para o mesmo lugar. Como esse problema é muito antigo em São Paulo, nós tínhamos, por exemplo, entidades da sociedade civil cada uma fazendo uma coisa, desperdiçando dinheiro, recursos e trabalho. O mesmo acontecia com o setor público. A primeira coisa foi colocar um norte para isso, todos caminhando na mesma direção. Eu acho que esse projeto, como está agora, tem condição de buscar um resultado melhor do que os anteriores, com essas diretrizes. Os esforços estarão em uma única direção”.

“Isso vai ser um projeto de médio e longo prazo e ali nós não temos um problema, as pessoas falam Cracolândia como se aquilo fosse um só problema. Aquilo já representa muitos problemas. Temos, inclusive, uma população grande de moradores de rua ali que não têm nada a ver com drogas. No crack, no espectro do crack, nós temos que tratar cada indivíduo, não adianta ter uma política para o crack porque ele produz efeitos em cada indivíduo de uma forma e esse tratamento, os médicos nos ensinaram que isso tem que ser feito individualmente. É um trabalho muito minucioso, particular. Mas eu acho que agora o programa está no rumo certo, envolvendo todas as pessoas em uma única direção, com assistência médica, assistência social, também com a participação da polícia naquilo que for necessário, Ministério Público, Tribunal de Justiça, Defensoria Pública. É o programa que tem a melhor condição para dar certo, e nós vamos trabalhar para isso”, detalhou.

Prieto também deu um panorama das prioridades do novo governo para o primeiro semestre e elogiou a competência do secretariado escolhido por Tarcísio: “O governo está se estruturando. Muito importante montar o governo com quadros técnicos, o secretariado do governador tem pessoas com o meu perfil (…) Temos uma equipe econômica maravilhosa, me lembra muito os tempos do Fernando Henrique, com o Pedro Malan e essa turma. O secretário da Fazenda, o Samuel Kinoshita, é um talento. A Natália Resende, que está com Meio Ambiente e Logística, é extraordinária, uma moça com um currículo espetacular. Me lembra os bons tempos que o Brasil avançou muito (…) Vai ser um governo voltado para a defesa disso que São Paulo tem como um diamante, que é o seu empreendedorismo, a riqueza que São Paulo criou. Com isso a gente quer fazer um resgate social de quem ficou para trás. São Paulo tem condição de fazer isso, já fez muito, faz e pode fazer ainda mais. Temos condições de incorporar pessoas que ainda estão à margem do processo econômico. São Paulo já fez muito isso e tem toda a condição de avançar mais”.