Secretário de Educação de SP descarta privatizações nas escolas: ‘Não é a nossa prioridade’

Nesta quarta-feira, 1, o Jornal da Manhã, da Jovem Pan News, entrevistou o novo secretário de Educação do Estado de São Paulo, Renato Feder. O gestor descartou a possibilidade de privatização das escolas públicas e deu detalhes sobre os desafios da pasta: “A gente está vendo que em alguns lugares do Brasil há a terceirização da parte administrativa da escola. Então, a merenda, transporte, principalmente reforma, pintura, manutenção, parte de TI. Algumas redes estão fazendo esse movimento e passando para a iniciativa privada essa parte administrativa, financeira, de manutenção e de construção. Não é a nossa prioridade, a nossa prioridade é a parte pedagógica, o que o aluno está aprendendo”. Feder elogiou a recente ampliação das escolas em tempo integral, mas declarou que pretende focar no ensino antes de promover novas ampliações da rede estadual: “Na gestão anterior, a gente foi de 200 escolas, aproximadamente, para 2.311 escolas em tempo integral. Foi uma expansão muito grande”.

“Agora, o foco vai ser cuidar da qualidade dessas escolas e do que os alunos estão aprendendo nesse horário a mais que eles estão na escola. Esse vai ser o foco antes da gente continuar ampliando. A gente vai segurar a ampliação das escolas e caprichar na aprendizagem dos alunos. A gente quer colocar programação de computador, oratória e educação profissional com cursos técnicos. Tudo isso dentro da escola em tempo integral para melhorar a qualidade e atratividade, aprendizagem e resultado da escola, para depois a gente seguir com ampliações”, disse. O secretário também falou sobre a volta às aulas: “Quarta e quinta são os dias de planejamento e sexta-feira começam as aulas. É um dia principalmente de acolhimento e integração dos alunos. Os alunos vão ser bem recebidos, acolhidos, vão conversar e se conhecer, porque muitos são novos nas escolas”.

O combate á evasão escolar é um dos grandes desafios para Feder, que afirmou pretender tornar as escolas mais atrativas principalmente no ensino médio: “Realmente teve muita evasão escolar, principalmente no ensino médio. As famílias ajudam e enviam os alunos para a escola, mas se ela não é atrativa, se o aluno não vê utilidade nela, a tendência dele ir cai. O aluno tem que ser bem acolhido, tem que gostar de ir para a escola, tem que aprender e tem que ver utilidade. Esse vai ser o foco da secretaria, apoiar as mais de 5 mil escolas que a gente tem para que o aluno goste de ir para a escola e veja o valor (…) Hoje, infelizmente, menos de 10% dos mais de 1 milhão de jovens do ensino médio, estão na educação profissional. Na Europa, esse índice é de quase 50%”.

“A gente quer aumentar muito isso e a gente vai preparar durante 2023, para em 2024 a gente ter muito mais jovens estudando técnico em desenvolvimento de informática, em desenvolvimento computacional, técnico em administração, técnico em turismo, técnico em mecânica e técnico em enfermagem. Esses cursos técnicos vão ter um grande destaque nosso, aumentar essa oferta. Outro destaque, que o governador Tarcísio pediu também, são as novas disciplinas que o jovem considera úteis, que ele vai usar na vida adulta, como oratória, liderança, empreendedorismo e educação financeira (…) Isso vai atrair o jovem e essa é uma grande preocupação da secretaria”, detalhou.

O novo secretário também disse que a valorização salarial dos professores e profissionais da educação é um pedido do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e que pretende reformular também os critérios para a distribuição de bônus para as escolas da rede estadual: “Tudo o que a gente puder fazer para melhorar o salário dos professores a gente vai fazer. O bônus também é muito importante. O que a gente verificava é que o bônus ainda era confuso. Então, os professores e profissionais da educação ainda não entendiam como ganhavam e se ganhavam. De repente chegava esse bônus no final do ano. O que a gente quer fazer é deixar ele maior, esse bônus, mas principalmente mais claro, mais combinado”.

“Por exemplo, uma escola tirou nota 4,5 na prova anterior, então a gente já combina que o objetivo agora é tirar 5. Se conseguirem tirar 5, vão conseguir o bônus. Esses combinados não ficavam claros, sobre quanto o professor ou profissional da educação ia receber e qual era a nota para receber isso. Com toda essa confusão, fica difícil do profissional saber para onde a escola deve caminhar. Tendo a possibilidade, é um pedido do governador Tarcísio que a gente consiga aumentar o salário dos professores e deixar o bônus mais claro para eles”, prometeu.

Renato Feder também detalhou algumas das prioridades da Secretaria de Educação neste primeiro semestre de 2023: “Primeiro, é a questão da frequência escolar. Hoje, o professor já faz a chamada no celular. Agora, esse resultado da frequência escolar não é devolvido para a escola. Então, o aluno começa a faltar um dia por semana, dois dias por semana, e a escola não percebe. A gente quer, ainda em fevereiro, entregar a frequência escolar aluno a aluno, sala a sala, para a diretoria da escola. Isso é extremamente importante e prático (…) A gente também quer ter redação com inteligência artificial ajudando o professor a corrigir, isso é muito importante. A gente também quer lançar no primeiro semestre o aluno fazer a redação no computador. O computador ajuda o aluno na gramática e o professor corrige a parte lógica da redação. A gente quer que os alunos escrevam muito mais”.

“Outro objetivo para esse ano é já entrar a programação de computador nas escolas públicas. Os alunos das escolas públicas têm uma aula de tecnologia educacional por semana e, nessa aula, é muito aberto o que o professor pode dar. A gente quer contribuir com os professores da rede e oferecer para os alunos cursos de programação. Para o aluno aprender a fazer sites e aplicativos. A gente vai tentar fazer com que esse movimento aconteça ainda este ano”, projetou Feder. Confira a entrevista completa no vídeo abaixo.