Setor de data centers cobra urgência na aprovação do ReData para evitar perda de investimentos internacionais
Representantes do setor de data centers cobraram hoje, 12, durante painel na Fiesp, agilidade na publicação da medida provisória do ReData — regime fiscal especial voltado a data centers — e consequente confirmação no Congresso Nacional para que o Brasil não perca a janela de atração de investimentos internacionais no setor. O alerta foi feito por executivos da Ascenty, Elea Data Centers e Brasscom, que destacaram o avanço de países como México e Chile na concessão de incentivos e na desburocratização de processos de acesso à energia.
“Temos uma janela de oportunidade”, observou Hatila Farias de Aquino, vice-presidente de Assuntos Corporativos da Ascenty. Mas esta janela pode se fechar, já que competidores naturais regionais estão se movimentando. “México e Chile já têm tarifas zero para importação, ou que podem chegar a zero na importação, o que reduz muito o nível de investimento para as empresas de data centers”, pontuou.
Segundo o executivo, a falta de previsibilidade e o tempo elevado para conexão à rede elétrica — que pode levar até 18 meses — têm levado empresas a considerarem alternativas fora do Brasil. Em comparação, o Chile autoriza em até seis meses a realização de obras de reforço energético com posterior reembolso pelo sistema.
O presidente da Brasscom, Affonso Nina, reforçou que o país não pode perder o “trem-bala” da infraestrutura digital. Nina também citou dados do Banco Central que apontam para um aumento no déficit da balança comercial brasileira de serviços de tecnologia da informação. O saldo negativo passou de US$ 3 bilhões, em 2021, para US$ 6,8 bilhões, em 2024. Segundo ele, o crescimento da importação de serviços de processamento de dados é reflexo da perda de competitividade do setor nacional.
A industrialização da cadeia de data centers também foi apontada como um efeito potencial da aprovação do ReData. “Temos fabricantes de geradores e sistemas de refrigeração no Brasil, mas ainda somos obrigados a importar muito do que usamos. Com uma política adequada, essas empresas podem direcionar produção local para o setor”, completou Aquino.
Sobre o custo de capital, Alessandro Lombardi, chairman da Elea Data Centers, destacou a dependência do setor por financiamento externo: “O Brasil, ele tem um sistema de juros que é insustentável no longo prazo e mal consegue financiar o projeto de infraestrutura”. Segundo ele, “90% do nosso setor hoje é financiado em dólares americanos”.
A medida provisória do ReData precisa ser publicada ainda este ano, para o novo regime fiscal valer em 2026, antecipando em um ano efeitos da Reforma Tributária. O texto prevê exigências de eficiência energética, como uso obrigatório de sistemas de resfriamento em circuito fechado.
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