Siemens aposta em automação virtual para flexibilizar indústria

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Em uma das maiores feiras de tecnologia industrial do mundo, a Hannover Messe 2025, a Siemens anuncia uma estratégia para redefinir a manufatura global. A proposta da companhia alemã combina automação baseada em software, inteligência artificial e parcerias estratégicas para dar mais flexibilidade às cadeias produtivas e reduzir a dependência de hardware físico.

A mudança passa por uma transformação digital profunda. Em colaboração com a Audi, a Siemens está virtualizando controladores lógicos programáveis (PLCs), componentes essenciais para a automação de fábricas. O novo modelo permite que o controle dos sistemas industriais seja feito em nuvem, dispensando os equipamentos físicos que tradicionalmente gerenciam as operações. Segundo a empresa, isso reduz custos, aumenta a escalabilidade e possibilita alterações rápidas nos processos produtivos.

A tecnologia foi certificada pelo órgão alemão TÜV, responsável por garantir padrões de segurança para ambientes industriais. “É uma inovação que muda a lógica da produção ao permitir reconfigurações instantâneas. As fábricas se tornam modulares, adaptáveis e resilientes às oscilações do mercado”, afirmou Roland Busch, CEO da Siemens, durante a feira.

Estratégia em três frentes

A aposta da Siemens no futuro da manufatura segue três direções: desenvolvimento interno, aquisições estratégicas e parcerias com grandes players de tecnologia.

A primeira frente é a inovação própria. A companhia afirma registrar uma nova invenção a cada hora, alimentando um portfólio de soluções que inclui inteligência artificial industrial, simulações digitais e sistemas autônomos.

A segunda via são as aquisições. A Siemens expandiu suas capacidades em simulação mecânica e eletromagnética, integrando novas tecnologias ao portfólio para melhorar a precisão na modelagem de processos industriais.

A terceira e mais relevante estratégia é a construção de parcerias. Empresas como Accenture, Nvidia, Microsoft AWS são parceiras da Siemens, que aposta na combinação entre tecnologia da informação (TI) e tecnologia operacional (OT).

Um dos projetos mais avançados desse esforço é o Industrial Foundation Model (IFM), desenvolvido em colaboração com a Microsoft na plataforma Azure. A proposta é utilizar dados industriais – como modelos 3D, desenhos técnicos e especificações – para criar um “gêmeo digital” que simule com precisão os processos de design, fabricação e operação. De acordo com os executivos, a tecnologia poderá fornecer recomendações baseadas em dados, contribuindo para a elevação dos níveis de eficiência e qualidade na produção.

Parceria para escalar inovação

A feira também marcou o anúncio da criação do Accenture Siemens Business Group, que deverá contar com 7 mil profissionais especializados na tecnologia Siemens. A parceria busca acelerar a implementação de soluções digitais, como os gêmeos digitais, que replicam virtualmente máquinas e processos em tempo real.

Em vídeo, Julie Sweet, CEO da Accenture, destacou a importância da colaboração: “O anúncio de hoje é o próximo passo na relação de confiança que Siemens e Accenture construíram juntas ao longo de mais de três décadas e em mais de 1 mil projetos com clientes. Nosso novo Accenture Siemens Business Group levará essa aliança a um novo nível de criação de valor para nossos clientes.”

Essa aliança pretende integrar competências em engenharia, manufatura, dados e inteligência artificial para reduzir os ciclos de desenvolvimento e os custos operacionais.

Resiliência diante da incerteza

A estratégia da Siemens responde a um cenário global de volatilidade econômica e rupturas nas cadeias produtivas. Segundo a empresa, a digitalização permite que indústrias ajustem rapidamente suas linhas de produção a variações de demanda, reduzindo desperdícios e tornando a manufatura mais sustentável.

“Os ciclos de inovação estão mais curtos, e as empresas precisam de fábricas que acompanhem essas mudanças”, disse Busch. Ele afirma que a Siemens está preparada para liderar essa transformação, tornando a produção industrial mais flexível e conectada.

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