‘Somos seres hormonais e não racionais’, diz médico integrativo

Nosso corpo funciona por conta dos hormônios que são produzidos por ele, sem isso, não existiria vida. Daí, me peguei fazendo uma indagação durante uma conversa franca com um médico integrativo, o doutor Enrique Lora: “Somos seres mais hormonais que racionais?”. Sim. Tanto que a dosagem hormonal pode controlar nossas vidas, inclusive nossas atividades profissionais, e não só pessoais, tanto para o bem quanto para o mal. Aliás, não é de hoje que a reposição hormonal não é mais vista como inimiga, mas, sim, aliada. Um estudo realizado pela Women’s Health Initiative (WHI) no ano passado, afirma que a reposição traz benefícios reais para o corpo e mente dos pacientes. “Podemos citar vários benefícios como a melhora na memória, a diminuição no risco de osteoporose, a diminuição do risco de depressão, a qualidade do sono e muitos outros”, explica o médico.

Mas você deve estar se perguntando: como saber se estou com a dosagem hormonal em dia e se isso pode ou não atrapalhar minha rotina? É fácil. Basta escutar os sinais do seu corpo. “Existem certos hormônios que influenciam diretamente o baixo rendimento profissional, como por exemplo, o baixo cortisol a falta de T3 e T4, dentre outras substâncias. Níveis desregulados de serotonina, dopamina e testosterona podem comprometer a eficiência, concentração e memória no trabalho”, exemplifica Lora.

De acordo com um estudo publicado na revista Economics and Human Biology, níveis ótimos de testosterona podem ajudar homens desempregados a encontrar trabalho e homens empregados a mantê-lo. “Não é porque se trata de um hormônio masculino que a mulher não precise. É bastante comum mulheres apresentarem níveis de testosterona abaixo do ideal e terem rendimento baixo no dia a dia, principalmente as mulheres que precisam, sim, dar conta de tudo: marido, filhos, carreira, enfim”. De acordo com a pesquisa, a testosterona está diretamente associada ao comportamento pró-social, ou seja, habilidade requisitada atualmente. Além disso, é comprovado que esse hormônio pode aumentar o comportamento competitivo e a assertividade. “Mas é preciso muito cuidado: daí vem a importância da medicina integrativa, porque é necessário olhar cada paciente individualmente e como um todo, porque vários fatores podem influenciar a carga hormonal e os hábitos. O acompanhamento da rotina, da alimentação e do estresse dessa pessoa são essenciais para que possamos agir com foco na melhora da saúde e qualidade de vida”, complementa o médico.

Ainda é preciso saber que o trio dopamina, serotonina e testosterona controlam diretamente a nossa autoestima. “Incluir atividade física pelo menos cinco vezes na semana, com alimentação balanceada com menos carboidrato e mais proteína, diminuição de refrigerantes, alimentos processados, bebida alcoólica e farináceos só trarão benefícios, e essa é a forma mais natural que temos de manter o corpo e a produção de hormônios em equilíbrio”, ensina.

Além disso, buscar condutas para melhorar a qualidade do sono que influencia diretamente a produção de hormônios no corpo é primordial. O especialista ressalta que é durante o descanso que o organismo se reorganiza, então, é preciso estar atento a algumas dicas, como deixar o quarto escuro para que a mente possa descansar por completo, com uma temperatura ambiente agradável e evitar telas e luzes, inclusive de decodificador da TV, que tiram nossa concentração, dentre outras medidas. “O estresse dentro do organismo acaba elevando os níveis inflamatórios, porque quando estamos em estresse nosso corpo entra em estado de alerta e nosso organismo não foi feito para permanecer em estado de estresse. Isso só acontecia no passado por alguns períodos para resguardar nossa sobrevivência, ou seja, no perigo. Então, inclusive, ter pensamentos positivos, antes do descanso merecido, ou seja, controle dos pensamentos, pode também beneficiar o organismo como um todo, e isso não é só confirmado pela ciência, como em consultório por mim, todos os dias”, finaliza o médico.

Pois é, não tem pra onde fugir: para que tenhamos saúde como um todo (porque falo em saúde física e mental) é preciso investir em hábitos saudáveis e, sempre, contar com o acompanhamento médico, já que, como escrevi acima, é preciso um controle rigoroso e exclusivo dos hormônios e não existe “receita de bolo” pronta, basta saber que o corpo vai sinalizar, geralmente, antes da pane total (e que estejamos preparados para isso). Ou seja, não é comum acordar sentindo-se cansado, não é normal sentir esgotamento e não podemos romantizar a rotina de trabalho que vivenciamos atualmente. Sendo assim, toda ajuda é bem-vinda e espero que essa coluna tenha cumprido seu papel hoje, fazendo você olhar para sua dosagem hormonal e viver melhor.