‘Sou uma criança de 12 anos decepcionada com diversas coisas’, relata Giu Cota, primeiro apresentador mirim de podcasts

Quem te viu, quem te vê. Giu Cota ou Giuliano Cota Amorim é daqueles jovens de 12 anos que resolveu traçar um caminho diferente da maioria das crianças da sua idade e, por isso, é um dos primeiros apresentadores de podcast da chamada Geração Z. Quem assiste o PodCota, podcast apresentado pelo comunicador, fica estarrecido com a desenvoltura e inteligência do menino que pesquisa para poder entrevistar bem. “O PodCota nasceu da agitação da pandemia, sendo o meu refúgio para manter o foco e sanidade enquanto compartilho histórias e ideias inspiradoras com os ouvintes e telespectadores”, conta Giu. O garoto prodígio vai além de seu programa, já que atualmente vem arrancando suspiros de famosos que ficam boquiabertos com as perguntas e postura de alguém tão novo. Nomes como Glória Pires, Danton Mello, Juliana Paes, Rômulo Arantes Neto, Luana Piovani e Fábio Jr, entre muitos outros, já foram abordados pelo repórter que garante: “Meu grande desafio atualmente está em equilibrar minhas responsabilidades escolares com meu trabalho, mas também sofro alguns preconceitos com minha idade”.

Sim, Giuliano Cota Amorim é impressionante. E posso dizer com propriedade, porque já fui uma de suas convidadas no PodCota. Gravado com estrutura profissional na zona oeste da capital pela Wonder Produções, o podcast conta com direção de maestria da mãe coruja Rosilene Cota Dantas, publicitária de formação que, aos 50 anos, deixou a carreira de lado para investir no sonho do filho. “Não me arrependo nem por um segundo de ter tomado essa decisão porque sei que o Giu é diferente e vai fazer história. Já está fazendo, não é mesmo? Ele vem pra mostrar que a geração Z realmente está engajada em questões ambientais, sociais e identitárias, com entrevistas que vão fazer seus ouvintes ‘zes’ refletirem sobre a realidade e estamos colhendo esses frutos dia após dia”, comenta Rosilene. Giu é o primeiro apresentador da geração Z de podcast e pioneiro em focar em sua geração: “Levo vantagem para falar com meu público, porque entendo melhor as perspectivas e curiosidade da geração Z. Com isso, consigo me conectar melhor com meus ouvintes e criar conteúdo que seja realmente relevante para eles”, avalia o apresentador. Segundo estudo realizado pelo Spotify sobre hábitos de consumo do formato de programa podcast, a geração Z está consumindo mais que o dobro em relação aos outros grupos. A empresa de streaming aponta que é a geração com mais característica da curiosidade e está em uma constante busca por novos programas.

Esforço e autenticidade são algumas das marcas de Giu Cota e, por isso, ele abriu o coração ao falar sobre estar decepcionado com algumas coisas, já quem vem investindo na carreira artística desde os seis anos. Ele estreou com essa idade no curta metragem “Conto de Ninar”, produzido pela Band News, e ganhou seu primeiro prêmio, o Leão de Prata, como melhor ator protagonista em Cannes. A partir daí, o ator mirim interpretou Maurício na webserie “Quarentena” e Juca no “Clubinho SOS” (2020). Ainda fez participações em programas de TV, como “Pracinha” (2022), e no longa “Assalto na Paulista” (2022), onde interpretou Rubens, personagem de Eriberto Leão quando criança (olha quanta responsabilidade). É claro que o pequeno também gravou grandes campanhas publicitárias. Questionado sobre estar desiludido com a dramaturgia, ele responde: “Não é que esteja desiludido, mas sim decepcionado. Todos que me conhecem dizem que tenho todo o potencial para alavancar na carreira, mas não tenho oportunidades. Acredito que minha hora ainda não chegou ou talvez não estive na hora certa com a pessoa certa. O talento é fundamental para que você continue, mas, para entrar, ter o famoso “QI” (quem indica) é sempre bom para ser notado, e não apenas visto”, afirma. É claro que eu não poderia deixar de cutucar o artista sobre o que já escrevi neste espaço dias atrás, a respeito da falta de leitura da geração que se diz super antenada e moderna.

“A geração de hoje tem uma grande diversidade de interesses e formas de consumir informações. É importante respeitar essas diferenças e incentivar a busca pelo conhecimento de maneiras que sejam significativas para cada pessoa. Sobre conteúdo em redes sociais, até gosto de fazer dancinhas, mas não é minha meta de vida. Prefiro um bom livro e estudar sobre os temas para os meus próximos podcasts e meus convidados”, ensina Giu. Por falar em redes, na minha humilde opinião, o “achismo” é a fonte predileta do TikTok,  e digo isso com vivência, já que sou mãe de Lara Rode, de 12 anos. A rede social que apareceu em 2016 e não para de crescer aponta que muitos jovens e crianças estão se informando por lá (isso é triste). De acordo com um estudo realizado pelo Reuters Institute Digital News, uma a cada cinco  pessoas de 18 e 24 anos se informa única e exclusivamente pelo TikTok. Sem falar nos pré-adolescentes que se iludem acreditando fervorosamente em tudo que assistem e consomem na internet. “Prefiro viver a postar, sou um eterno curioso e aprendiz. Quando era convidado para as pré-estreias, tinha muitas curiosidades sobre o papel que o ator realizou, onde foi gravado, quais as dificuldades, e saía perguntando aleatoriamente para eles, usando a mão como se fosse um microfone. Assim, minha mãe teve a ideia de comprar equipamentos e começamos a fazer as entrevistas. Sonho em fazer uma novela pelo menos. Mas minha meta é ter meu talk show, um mix de ‘Bom Dia & Cia’, ‘Encontro’ e ‘Danilo Gentili’. Sonho alto, sei, mas se não for pra sonhar, acreditando e trabalhando por isso, qual o motivo da gente fazer acontecer todos os dias?”, finaliza Giu. Olha, depois dessa frase, eu nem preciso emitir mais opinião nenhuma, só vou deixar registrado meu desejo: “Voa, garoto”. E que tenhamos mais Gius por aí na geração que é mais alienada que antenada, não é mesmo?