Startups brasileiras acreditam no valor da diversidade – mas não a praticam

Mais de oito em cada 10 (84%) das startups brasileiras acreditam que é importante ou muito importante apoiar a diversidade. No entanto, apenas 27% delas dizem ter alguma ação ou processo seletivo com políticas afirmativas para construir times mais diversos. O número representa um avanço, embora tímido, já que em 2021 a porcentagem era de 25%.

Os números são de um mapeamento da comunidade de startups pelo Brasil feito pela Associação Brasileira de Startups, a ABStartups. O mais recente Mapeamento do Ecossistema de Startups, feito em parceria com a Deloitte, é referente ao ecossistema atuante no ano de 2022 – com o trabalho de campo ocorrendo entre setembro e outubro de 2022. O tema da diversidade ganhou destaque nas análises da entidade.

O número de startups com mulheres no time também cresceu, saindo de 80,9% em 2021 para 83,2% em 2022.

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Outro dado trazido pelo mapeamento é que os fundadores que se autodeclaram brancos são maioria (72%); seguidos por pardos (17,1%), enquanto os que se identificam como negros são 5,6%; amarelos 1,8% e indígenas 0,1%. Ainda sobre o perfil dos founders, 92% se autodeclara heterossexual, enquanto 2,5% são homossexuais e 1,8% bissexuais.

O estudo também aponta que há pouco incentivo para que as minorias empreendam: 72,3% têm negócios fundados por homens e 19,7% por mulheres. As idades dos empreendedores variam entre 28 e 42 anos (56,9%); 43 e 57 anos (30,3%); e 58 a 77 anos (4,6%).

Análise negativa

“Notamos que a composição inicial das startups participantes ainda indica uma falta de diversidade dentro do grupo de fundadores. Uma razão para isso é que as mulheres e a população negra, por exemplo, ainda são consideradas minoria em profissões relacionadas à ciência, tecnologia e à matemática, o que pode sugerir a falta de políticas mais inclusivas e que incentivem uma mudança mais profunda. Isso acaba refletindo no ambiente em que são criadas as startups, empresas inovadoras que têm tecnologia como base”, comenta Ingrid Barth, presidente eleita da Abstartups.

Segundo a entidade, é importante que as startups voltem os olhos para a diversidade, não só por decisões estratégicas, mas porque ela tem papel importante na resolução de problemas.

“Times mais diversos significam experiências diferentes de vivências, formas diferentes de encarar o mundo, nesses olhares podemos encontrar novas formas de resolver problemas e novas ideias, resultando também em indicadores financeiros comprovadamente positivos quando temos mais diversidade”, ressalta Ingrid.

O estudo completo pode ser lido nesse link.