Startups brasileiras captam quase 88% menos em fevereiro

Um tombo de proporções dramáticas. Assim pode ser definida a redução dos investimentos obtidos pelas startups brasileiras em fevereiro de 2023, segundo levantamento divulgado pelo Distrito nessa quarta (1º). Os venture capitals investiram US$ 84,1 milhões, contra US$ 693,6 milhões obtidos no mesmo mês de 2022, uma queda de 87,8%.

O resultado é muito parecido com o obtido em janeiro (queda de 84% e captação de US$ 96,6 milhões). Foram ao todo 19 rodadas, ou 75% menos deals na comparação com fevereiro de 2022.

É o segundo menor volume de investimentos para o mês de fevereiro desde 2014, segundo levantamento do hub de inovação. Segundo o Distrito, há uma escassez de recursos disponíveis por conta da elevação global de juros, o que tem levado empresas e fundos a cortar custos ou reavaliar investimentos.

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Esse cenário, no entanto, tem permitido uma manutenção do número de fusões e aquisições, que desaceleraram pouco – foram 11 M&As em fevereiro de 2023, contra 14 no mesmo período de 2022. Um sinal de que os empreendedores veem na consolidação uma alternativa ao ambiente mais restritivo, diz o Distrito.

“É muito difícil prever quando veremos sinais de melhora no mercado. Ontem (28 de fevereiro), tivemos dados de inflação desanimadores na Europa. Nos Estados Unidos, a ata da última reunião do FED mostrou que alguns diretores gostariam de acelerar o ritmo de alta de juros. Ou seja, é muito mais provável que este cenário delicado se estenda por um período um pouco maior do que a expectativa”, diz em comunicado Gustavo Gierun, CEO do Distrito. “Não dá para esquecer que até grandes empresas brasileiras estão sofrendo para se financiar.”

A maior rodada de fevereiro foi obtida pela Daki, startup de compras de supermercado, que recebeu aporte de US$ 50 milhões. O Grupo RV captou R$ 35 milhões.