Startups lideram M&As no Brasil por dois anos consecutivos, aponta Distrito

As startups no Brasil lideraram as operações de fusões e aquisições do segmento de tecnologia e inovação em 2022, apontou novo relatório Inside Venture Capital / M&As do Distrito. É o segundo ano consecutivo que as startups superam as corporações em M&As, com as mais maduras comprando outras em estágio inicial para melhorar quadro de funcionários ou ampliar gama de produtos.

Em 2022, as startups fizeram 115 aquisições de outras empresas emergentes, o que equivale a 58% das 198 operações do período. Já as corporações se envolveram em 73 transações, ou 37% do total. Os 10 M&As restantes são de outra natureza.

No entanto, o número de negócios caiu no ano passado. Em 2021, do total de 248 M&As do segmento, as startups responderam por 127 operações; as empresas estabelecidas, por 98.

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“O crescimento de investimentos em Venture Capital no Brasil, a partir de 2018, criou a oportunidade de startups ou scaleups capitalizadas adquirirem outras startups com objetivo de acelerar crescimento, obter novos produtos ou serviços ou simplesmente reforçar o time. O pico de liquidez ocorrido em 2021 mostra perfeitamente a aceleração deste movimento, que acabou se estendendo até 2022, explica Gustavo Gierun, CEO e cofundador do Distrito.

Este ano, as startups continuam mais ativas, com cinco aquisições contra uma das corporações. Para Gierun, esse cenário tende a mudar. “É natural que as corporações voltem a liderar as operações de M&As no ambiente das startups. As empresas continuarão investindo na transformação digital enquanto as startups e scaleups passam por um momento de ajuste de capital disponível.”

Fintechs lideram

As fintechs, segmento que costuma atrair os maiores investimentos de Venture Capital no Brasil, também foram as responsáveis por fechar mais acordos de M&A. De 2017 até 2022, o segmento respondeu por aproximadamente metade dos acordos de fusões e aquisições de startups no país. Na análise do Distrito, muitas empresas têm adquirido fintechs para incorporar serviços financeiros aos seus portfólios de produtos.

Já as indústrias de varejo e marketing online, historicamente aquecidas em termos de M&As, têm dado lugar para as de educação e saúde no ranking. Em 2022, as healthtechs e edtechs inclusive superaram as retailtechs e martechs em número de fusões e aquisições.

O relatório ainda destaca o setor das das energytechs, que foi um dos poucos a receber mais investimentos em 2022. O Marco Legal da Micro e Minigeração Distribuída, incentivos fiscais e a maior preocupação com o meio ambiente vêm atraindo o interesse do investidor.

Em relação à maturidade das empresas adquiridas, a maioria (85,7%) se encontrava em estágio inicial, não chegando a uma Série A de captação de recursos.

Na avaliação do Distrito, as startups que estão entrando em fase de escalar o negócio naturalmente são mais atrativas, pensando no processo de incorporação da solução à companhia adquirente. Além disso, esse é um momento em que o mercado de venture capital não influenciou tanto o valuation da adquirida ainda, tornando o cenário ideal para aquisição.