Susana Werner e Julio César estão juntos de novo: especialista analisa crise nos relacionamentos atuais

Não é preciso ser expert para entender que hoje as relações interpessoais mudaram, e muito. A culpa desse tornado de emoções se resume, em poucas palavras, às redes sociais, à globalização e à tecnologia. “A sociedade tem se transformado e se atualizado. Assim como hoje a tecnologia não é algo mais usado apenas entre os jovens, mas também pelas gerações anteriores, a abertura para o divórcio também está acontecendo nas gerações anteriores. Então, o que era um tabu para essa geração, hoje já é levado com mais naturalidade, e isso acarreta aumento de números de casais se divorciando depois de longos anos de casamento”, analisa Gustavo Galhardo, terapeuta pós-graduado em psicanálise e especialista em reprogramação emocional. O especialista, que tem mais de 15 milhões de visualizações em seus vídeos e mais de 300 mil seguidores em suas redes sociais, ajuda homens e mulheres a viverem de forma mais saudável suas emoções e relacionamentos.

Estava fechando a coluna quando veio à tona uma das notícias mais comentadas do dia: após anunciarem a separação, Susana Werner e Julio Cesar se reconciliaram, quase 48 horas depois. Segundo a atriz, o post com a frase “Insistir no Amor sempre será a resposta certa” foi complementado por uma mensagem de carinho direcionada aos familiares, amigos e fãs. “Obrigada pela força! Fomos precipitados. Nosso coração dói demais e não estamos preparados para vivermos longe um do outro. Obrigada perlo carinho. Vocês contribuíram para nossa reflexão. Assim como vim anunciar algo muito triste, venho anunciar que estamos certos de que ainda existe muito amor entre nós e nossa família”, escreveu. O ex-goleiro não se manifestou em nenhum dos momentos sobre o casamento que dura 21 anos e continua, ao que tudo indica, após uma crise.

De acordo com o psicanalista, a facilidade do descarte de uma relação varia de pessoa para pessoa. “Por exemplo, pessoas religiosas possuem mais dificuldade em descartar um casamento do que pessoas não religiosas, afinal, religiosas possuem um conceito de família e de casamento como algo sagrado e que deve ser mantido até às últimas consequências. Infelizmente, para muitos, a situação acaba passando dos limites aceitáveis. No caso deles, o que aparenta é que ainda existe respeito e amor e é possível, sim, investir em uma terapia de casal visando aparar arestas”.

Galhardo afirma que, para valer a pena tentar continuar em um relacionamento, é preciso encontrar vários sinais que indiquem que um dos lados não está desperdiçando energia, tempo ou vitalidade, o que não acontece no caso de Susana e Julio, já que se trata de um casamento de mais de vinte anos, com filhos já praticamente criados. “De uma maneira geral, é preciso sentir se há disponibilidade dos dois para fazer as mudanças necessárias, autorresponsabilidade de ambos diante dos erros cometidos e, claro, flexibilidade para exercer o perdão. Após esses três passos, é preciso avaliar se ainda é possível enxergar um futuro juntos, levando em consideração o que ambos esperam da vida para o futuro e, principalmente, se ainda há amor dentro dessa relação, que é o combustível que “azeita” todas as mudanças necessárias, tornando-as mais viáveis”, ensina.

Pensando nos 21 anos de casamento, seria essa a crise dos 7 anos vezes 3?, indaguei, brincando com o especialista de plantão, que me respondeu: “Crises no relacionamento sempre existirão, mas não necessariamente em 7 anos. Há alguns que vivem essa crise com 2 anos, outros com 4, outros com 7, não há uma regra. Por exemplo, a neurociência vai explicar que a paixão é um estado temporário de demência que dura de 12 a 24 meses. Por isso, muitos casais, após 2 anos de relacionamento, se separam, pois eles voltam aos seus estados mentais normais e enxergam os defeitos de seus parceiros. Há também a chegada do primeiro filho que gera conflitos na relação, a crise da meia-idade, a crise do ninho vazio e até mesmo a aposentadoria que pode gerar uma crise. A realidade é que dentro de qualquer situação em que vivemos um compromisso de longo prazo, viveremos momentos turbulentos e de realinhamento de propósito. Assim, superam-se as crises entendendo que o amor e a maneira de amar são demonstraram em diversas facetas durante os anos”, detalha.  

Pois é, a vida não anda fácil. Enquanto nas rodas entre amigos alguns reclamam dos casamentos, outros reclamam da dificuldade de achar alguém para dividir a rotina. Ainda, cresce o número de casais que, na ânsia de evitar a separação, decide abrir o relacionamento em uma tentativa desesperada de fazer dar certo. “Isso tem acontecido por três principais motivos. No primeiro ponto, as relações monogâmicas giram em torno de se escolher uma pessoa e abrir mão de todas as outras, ou seja, renunciar ao prazer que se poderia ter com outras pessoas por ter escolhido apenas uma pessoa. Porém, para uma sociedade cada vez mais hedonista, ou seja, que acredita que felicidade significa matar todos os seus desejos e vontades, encontrar alguém que ainda entenda que suprimir desejos em detrimento a um compromisso é o caminho do amor, tem se tornado cada vez mais raro. No segundo ponto, temos uma geração de pessoas que estão desacreditadas que alguém possa ser fiel e monogâmico, então acaba tendo uma relação aberta justamente como forma de evitar a traição. Apesar de casais abertos terem seus acordos do que pode ou o que não pode, temos que concordar que a régua é muito mais baixa e mais fácil então de segui-la. No terceiro ponto, as disfunções emocionais que nos levam a aceitar coisas que não gostaríamos de aceitar como carência afetiva e dependência emocional. Não nos vemos sem aquela pessoa e por isso toleramos situações desagradáveis apenas para manter este outro em nossas vidas”, finaliza o psicanalista. Enquanto uns divorciam e reatam, outros expandem e se submetem ao desconhecido, e outros ainda praticam a liberdade da maneira mais antiga: traem mesmo, sem culpa, sem medo e, muitas vezes até, sem alianças envolvidas. E a gente, segue o baile.