Tarcísio muda o tom, diz que tarifa de Trump é ‘complicada’ para o Brasil e defende união de esforços

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou neste sábado (12) que a nova tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros é “complicada” para o país e defendeu uma ação coordenada entre os entes federais e estaduais para conter os efeitos econômicos da medida. Cotado como possível candidato à Presidência em 2026, o governador tem buscado protagonismo em meio à crise, mas enfrenta resistência dentro do próprio campo bolsonarista.

Durante evento em Cerquilho (SP), Tarcísio mudou o tom adotado em declarações anteriores, quando culpou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pelo tarifaço. Agora, passou a destacar a importância da atuação diplomática do governo federal e afirmou que São Paulo está colaborando como interlocutor técnico, fornecendo dados que mostram o impacto das medidas sobre a economia local. “É algo complicado para o Brasil, para segmentos da nossa indústria e do agronegócio. Precisamos estar de mãos dadas, deixar a questão política de lado e tentar resolver isso juntos”, disse.

Entre os setores afetados, o governador destacou a indústria aeronáutica e o agronegócio. Segundo ele, a Embraer — com fábricas em São José dos Campos e Gavião Peixoto — pode perder encomendas de até 90 aeronaves para empresas americanas, como a American Airlines. “O tarifaço pode adicionar US$ 9 milhões a cada avião, o que inviabiliza os contratos”, alertou. Ele afirmou ainda que 30% dos voos em aeroportos como o LaGuardia, em Nova York, e o Ronald Reagan, em Washington, usam aeronaves da fabricante brasileira.

No caso do agronegócio, Tarcísio citou produtos como suco de laranja, açúcar e etanol. Segundo ele, a tarifa também prejudica o consumidor americano, ao encarecer a produção local que depende de insumos brasileiros. “Eles não terão substitutos de curto prazo”, afirmou.

Tarcísio evitou apoiar a proposta defendida por aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro, como os filhos Eduardo e Flávio Bolsonaro, que condicionam o fim do tarifaço a uma anistia geral para acusados da tentativa de golpe e dos ataques de 8 de Janeiro. Segundo o governador, trata-se de uma “questão de ponto de vista” e, no momento, sua prioridade são os interesses de São Paulo. “Estou falando de empregos, de pais de família”, declarou.

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A tentativa de Tarcísio de assumir o papel de mediador na crise tem encontrado resistência tanto no STF quanto entre bolsonaristas. Aliados de Bolsonaro consideram que o governador tenta “voar solo” e ganhar protagonismo. O próprio ex-presidente tem evitado mencionar os efeitos econômicos da medida e insiste que sua principal exigência é a anistia ampla aos seus apoiadores. O governo Lula, por sua vez, tem associado o tarifaço a pressões políticas de Trump em favor de Bolsonaro e vem responsabilizando setores da oposição pelos impactos econômicos da medida.

*Reportagem produzida com auxílio de IA