O S do ESG: por que toda empresa precisa investir em responsabilidade social

Uma mulher apresenta uma explicação sobre ESG (Environmental, Social, and Governance) para três pessoas sentadas ao redor de uma mesa em um ambiente de escritório. Na tela de uma televisão, há um gráfico verde destacando os pilares do ESG. Documentos e laptops estão dispostos na mesa, criando um cenário colaborativo e profissional.

Não é de hoje que a responsabilidade social é um tema cada vez mais abrangente dentro de diversas empresas. Quem desenvolve ações nesse sentido já entendeu que, além de obter lucro, um dos principais objetivos das organizações é contribuir para que haja mudanças positivas no mundo. Essa, aliás, também é uma demanda vinda dos consumidores: de acordo com uma pesquisa realizada pela consultoria Deloitte, 78% deles acreditam que as companhias devem ajudar a melhorar a sociedade. Pobreza extrema, dificuldade de acesso à educação e à cultura, saúde precarizada, falta de saneamento básico, exclusão digital… com tantos problemas sociais que existem no país, oportunidades não faltam para se fazer o bem.

Criar ou apoiar iniciativas voltadas à responsabilidade social colabora com o aumento do bem-estar de todos os envolvidos – colaboradores, stakeholders, clientes e comunidades beneficiadas. Abraçar causas importantes também proporciona vários benefícios para as empresas: fortalecimento da imagem, ganho reputacional, retenção de talentos e vantagem competitiva são alguns deles. Um relatório da consultoria Nielsen, por exemplo, mostra que 66% dos consumidores admitem pagar mais por produtos de companhias sustentáveis.

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Se a organização já estiver alinhada às políticas de ESG, a responsabilidade social, como não poderia deixar de ser, fica dentro do guarda-chuva S (Social). No entanto, ela também está relacionada ao G (Governança), já que aspectos socioambientais são incluídos na tomada de decisões e influenciam o grau de interesse dos investidores da companhia.

Como deu para perceber, a responsabilidade social corporativa segue mais valorizada do que nunca. Acredito que o futuro das empresas está intimamente ligado à capacidade de incorporá-la de forma genuína e integrada às suas operações. Para se chegar lá, o primeiro passo é definir quais questões sociais “combinam” com os princípios, valores e estratégias da organização. Para uma empresa que trabalha com inteligência artificial, por exemplo, é mais interessante apoiar a inclusão de jovens de baixa renda no mercado digital do que patrocinar a limpeza de uma praia.

Por falar nisso, as tecnologias emergentes podem ajudar, e muito, a gerar o chamado valor compartilhado. Afinal, elas não são apenas ferramentas, mas catalisadoras de mudanças – quando utilizadas com foco na inclusão e na equidade, têm o potencial de transformar não só a vida dos indivíduos, mas toda a sociedade. Cito como exemplo os leitores de tela e outros recursos capazes de fazer com que as pessoas cegas consigam trabalhar até mesmo remotamente. Mais do que integrá-las ao ambiente corporativo, as novas tecnologias oferecem a elas um leque de possibilidades. Outro exemplo é a interpretação de linguagem em reuniões do Microsoft Teams, lançado durante a conferência Microsoft Ignite deste ano. O recurso permite fazer traduções de fala em tempo real. Essa interpretação simultânea possibilitará reuniões mais inclusivas, onde participantes que falam em idiomas diferentes consigam colaborar plenamente uns com os outros.

Portanto, é essencial reconhecer que a inteligência artificial e outros instrumentos digitais não são inimigos da sociedade. Ao contrário: podem ser utilizados para o aprimoramento dela. Ao longo da história, a evolução tecnológica tem sido uma constante e as tentativas de impedir essa transformação sempre falharam. Em vez de enxergar as tecnologias emergentes como desafios, devemos focar em como aproveitá-las para construir um futuro mais inclusivo e equitativo. É nesse contexto que se torna crucial integrar inovações tecnológicas aos esforços de responsabilidade social, utilizando o potencial delas para abordar as desigualdades e promover oportunidades a todos.

Outro fator capaz de fazer a diferença quando falamos de responsabilidade social é a parceria público-privada. Ela pode ser um caminho seguro para superar as barreiras de entrada no mercado de trabalho tecnológico, por exemplo. Com a colaboração entre empresas, governos e organizações da sociedade civil, é possível criar programas que atendam às necessidades das comunidades locais e que ajudem a formar um pipeline de talentos diversificados. Essa abordagem não beneficia só os indivíduos, mas também enriquece as companhias com novas perspectivas e inovações. Ao fomentar um ambiente interno baseado na pluralidade, onde a comunicação flui com transparência, elas garantem um amanhã mais justo e sustentável.

Vale destacar que, sem conhecer verdadeiramente as necessidades da sociedade, corremos o risco de desenvolver soluções que não atendem ao que de fato importa. Por isso, a responsabilidade social precisa ser encarada como uma área estratégica, com a qual as lideranças estejam engajadas – assim ela não corre o risco de ficar com a verba reduzida ao primeiro sinal de crise. Como disse Paul Polman, ex-CEO da Unilever, “a responsabilidade social não é apenas um bônus; é uma parte essencial do negócio”.

Em resumo, o futuro das empresas não pode ser dissociado da responsabilidade social e da inclusão. Se usadas de forma consciente e ética, as tecnologias emergentes têm o potencial de transformar negócios e de criar um impacto social positivo duradouro. Assim, ao adotarem uma abordagem holística que integra responsabilidade social, diversidade e consciência ambiental, as organizações estarão se preparando para o futuro e contribuindo com uma sociedade mais equitativa e justa. O momento de agir é agora, e cada passo rumo à inclusão é um passo em direção a um mundo melhor para todos.

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