Tomar o canal do Panamá: realidade ou blefe de Trump?

No seu discurso de campanha, o novo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump disse que irá tomar o Canal do Panamá. Trump reclamou que os EUA ajudaram a construí-lo, mas recebem pouco em troca. Segundo ele, a China teria muito mais vantagens sobre a passagem que liga o Atlântico ao Pacífico do que os americanos. Não se sabe ao certo como Trump gostaria de tomar o controle do canal. Certamente, a opção militar seria a mais improvável.
Não há contexto e nem justificativa plausível para os EUA invadirem o Panamá e tomarem à força o canal.

Se o pretexto da invasão do Iraque à época já dividia opiniões — tirar um ditador sanguinário do poder e acabar com as armas de destruição em massa, que nunca foram encontradas —, imagine atacar um país democrático, soberano, que opera o canal há anos. Provavelmente, a fala de Trump não diz respeito a uma ação militar, mas segue dois propósitos: um econômico, e outro, geopolítico.

O primeiro é demonstrar interesse pela passagem do Atlântico para o Pacífico a fim de fazer uma oferta comercial futuramente ou obter alguma vantagem econômica quanto ao pedágio ou ao frete. O segundo propósito é a reafirmação da Doutrina Moore — a América para os americanos. Mesmo que Trump não tome a força a passagem, a fala reafirma a força e a influência norte-americana de outros tempos, mexendo com o sentimento patriótico da nação.

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Nem tudo o que Trump fala devemos levar ao pé da letra. Por trás de uma fala absurda pode haver uma estratégia racional, com finalidades políticas ou econômicas. Devemos lembrar que, antes de tudo, Trump gosta de jogar, negociar e, portanto, blefar.