Trump volta ao ataque contra big techs e diz que CEOs “beijam sua bunda”

Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, em destaque. Ele está usando um terno azul escuro, camisa branca e gravata vermelha, com uma expressão séria e olhar fixo. Ao fundo, há um padrão desfocado em EUA vermelho, branco e azul, remetendo às cores da bandeira americana. A imagem transmite formalidade e autoridade (ordem executiva, ações)

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a usar um palanque público para provocar os CEOs das maiores empresas de tecnologia do país. Durante discurso de formatura na Universidade do Alabama, na última sexta-feira (3), o republicano afirmou que os líderes dessas companhias, antes seus críticos, agora se curvam a ele.

“Eles me odiavam no meu primeiro mandato. Agora estão todos beijando minha bunda”, disse Trump, arrancando risos da plateia ao se referir a executivos de empresas como Apple, Meta, Google e Amazon.

A fala acontece num momento de inflexão nas relações entre o governo norte-americano e o setor de tecnologia. Desde sua reeleição em 2024, Trump tem recebido apoio público e financeiro de empresários do setor, incluindo Elon Musk, CEO da Tesla e dono da rede X (ex-Twitter), que foi nomeado para chefiar o recém-criado Departamento de Eficiência Governamental, responsável por cortar gastos públicos.

O movimento é visto por analistas como uma tentativa das big techs de reaproximação estratégica, em meio ao endurecimento de regras comerciais e trabalhistas promovidas pela nova gestão. Entre janeiro e abril deste ano, ao menos cinco grandes empresas de tecnologia revisaram políticas de moderação de conteúdo e fizeram doações a entidades alinhadas ao governo Trump, segundo levantamento do Center for Responsive Politics, organização apartidária que rastreia financiamento político nos EUA.

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Em janeiro, por exemplo, a Meta flexibilizou regras de conteúdo consideradas sensíveis, uma das principais críticas da campanha republicana em 2020. O gesto foi interpretado como sinal de boa vontade. Poucas semanas depois, Mark Zuckerberg apareceu em uma cerimônia na Casa Branca, ao lado de outros executivos do setor.

A aproximação é notável diante do histórico recente. Em 2021, Trump foi banido de redes sociais após a invasão do Capitólio, acusado de incitar a violência com postagens sobre fraude eleitoral. Ficou fora do Twitter, Facebook, Instagram e YouTube por mais de dois anos. Nesse período, lançou sua própria rede, a Truth Social, que segue ativa, mas com baixa penetração de mercado.

Desde a volta à Casa Branca, porém, Trump tem visto restabelecido o acesso às grandes plataformas. E, com ele, sua retórica de confronto também retornou. Além das big techs, o discurso no Alabama incluiu ataques a juízes, atletas trans e ao ex-presidente, Joe Biden, a quem acusou, sem apresentar provas, de “ter vendido o país”.

Cortejo bilionário

A posse presidencial, em janeiro, contou com a presença de empresários como Jeff Bezos (Amazon), Sundar Pichai (Alphabet/Google), Tim Cook (Apple) e o próprio Zuckerberg. Conforme revelado por veículos como The Washington Post e Gizmodo, parte dessas empresas fez doações para grupos ligados à transição de governo, somando dezenas de milhões de dólares.

Musk, por sua vez, foi o mais explícito no apoio. Destinou mais de US$ 250 milhões (cerca de R$ 1,4 bilhão) a comitês que atuaram na campanha republicana. Hoje, lidera um dos departamentos mais estratégicos do novo governo, encarregado de promover cortes em agências e programas federais. A medida é celebrada por alas conservadoras, mas também gerou protestos em universidades e centros de pesquisa.

Interesses cruzados

A nova aliança entre o governo Trump e líderes de tecnologia também é reflexo de uma conjuntura geopolítica e comercial mais ampla. A administração republicana vem ampliando barreiras comerciais, com aumento de tarifas sobre importações de produtos eletrônicos, semicondutores e softwares. Em paralelo, o governo pressiona empresas a reforçarem cadeias de produção domésticas e segurança cibernética.

Essa ofensiva tem levado companhias a buscar interlocução direta com a Casa Branca, em troca de previsibilidade regulatória e contratos públicos. “A indústria entendeu que precisaria recalibrar sua relação com Washington. E Trump está capitalizando isso politicamente”, avalia Mariana Diniz, pesquisadora do Wilson Center.

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