Twitter suspende contas de jornalistas dos EUA após Elon Musk se sentir em perigo

Alguns jornalistas norte-americanos, incluído profissionais dos principais veículos de comunicação dos Estados Unidos, tiveram suas contas suspensas no Twitter por serem acusados de violar os termos da rede social e colocar a vida de Elon Musk, dono da plataforma, e seus familiares em perigo. “Eles publicaram minha localização exata em tempo real, literalmente as coordenadas que permitiriam um assassinato, em violação direta (e óbvia) dos termos de serviço do Twitter”, escreveu Musk. O empresário acrescentou que as regras se aplicam tanto “aos jornalistas’ quanto a qualquer outra pessoa”. A história começou na quarta-feira, quando Musk tuitou que um veículo em Los Angeles que transportava um de seus filhos foi seguido por “um perseguidor maluco” e deu a entender que atribuía o suposto incidente ao rastreamento de seu jato particular. Ele também anunciou que iria processar a pessoa por trás da agora suspensa conta @ElonJet que foi criado por um estudante e é seguido por cerca de 500 mil pessoas. O usuário é usa dados públicos para indicar automaticamente quando e onde o avião do magnata decolou e pousou. Quando comprou o Twitter em outubro, Musk prometeu que não ia mexer na conta @ElonJet.

A decisão gerou revolta nas redes e repercutiu internacionalmente, causando ameaças de sanções por parte da União Europeia. Qualificando a decisão do magnata como “preocupante”, a vice-presidente da Comissão Europeia, Vera Jourova, lembrou em um tuíte que há “linhas vermelhas” e o ameaçou “com sanções, em breve”. “A liberdade de imprensa não deve ser ligada e desligada à vontade”, tuitou o ministério das Relações Exteriores da Alemanha. “É por isso que temos um problema com o Twitter”, acrescentou. O ministro francês da Transição Digital, Jean-Noël Barrot, disse na mesma rede social que estava “angustiado com a guinada a que Elon Musk está precipitando o Twitter”: “A liberdade de imprensa está na mesma base da democracia, é um ataque contra o outro”. Elon Musk, que adquiriu a plataforma em outubro por US$ 44 bilhões, é um autoproclamado defensor da liberdade de expressão.

Diante do ocorrido, o Twitter informou que atualizou sua política para banir tuítes que, na maioria dos casos, revelam a localização de uma pessoa em tempo real. Os veículos de comunicação em que os jornalistas trabalham, saíram em defesa de seus funcionários. “A suspensão impulsiva e injustificável de vários jornalistas, incluindo Donie O’Sullivan, da CNN, é perturbadora, mas não surpreendente”, afirmou o canal em um comunicado. “A crescente instabilidade e volatilidade do Twitter é uma preocupação particular para qualquer um que usa a plataforma. Pedimos uma explicação ao Twitter e reavaliaremos nosso relacionamento com base nessa resposta”, acrescentou a emissora. Musk afirmou em uma série de tuítes postados durante a madrugada que “contas envolvidas em doxing (revelação intencional e pública de informações pessoais sem autorização) recebem uma suspensão temporária de 7 dias”.

*Com informações da AFP