Um terço dos fetos contaminados pelo zika vírus durante gestação apresentam sequelas, diz pesquisa

Um novo estudo mostrou de forma mais abrangente as sequelas do zika vírus nos bebês de gestantes que contraíram a doença durante a gravidez. A pesquisa foi publicada na revista The Lancet Regional Health – Americas. 1.548 gestantes participaram do levantamento. O estudo chegou à conclusão de que quase um terço dos filhos de gestantes que contraíram a doença apresentam alguma anormalidade como consequência da infecção. Sendo que 4% manifestam a microcefalia. Para os adultos, a zika é menos letal do que a dengue e a febre amarela, por exemplo. As três são transmitidas pelo mesmo mosquito, Aedes Aegypti. No entanto, para os fetos, a contaminação ainda na fase da gestação é considerada grave, já que as sequelas podem ser irreversíveis, como explica o infectologista e pediatra Renato Kfouri. “Através da placenta, o zika faz alterações, especialmente no sistema nervoso do feto, causando o nascimento de bebês muitas vezes com atrofia do seu desenvolvimento cerebral, com redução do volume do cérebro e a chamada microcefalia, que é o achado clínico mais comum dessas crianças”.

Assim como a dengue, a zika é uma doença sazonal. Ou seja, que tem maior proliferação em determinadas épocas. No Brasil, o aumento de casos ocorre no verão, por ser a estação mais chuvosa. Por isso, é extremamente importante o cuidado redobrado neste período. Principalmente com gestantes. O uso de repelente para esse grupo e também para pessoas imunossuprimidas é um fator a mais de proteção. Mas, além dessa barreira, são necessários cuidados básicos, como lembra Kfouri: “Temos que reforçar as medidas de prevenção, evitar acúmulo de água parada, nos pneus, nos pratos de chuva, nas poças d’água, não só dentro de casa, mas em toda a coletividade. É serviço de cada cidadão, mas também é função do Estado”. A pesquisa reforça a necessidade de aprofundar os estudos sobre a zika e suas sequelas em fetos, como também ampliar as pesquisas para o desenvolvimento de uma vacina contra a doença.

*Com informações do repórter Camila Yunes