Com inauguração próxima, V3rso promete revolucionar hotelaria tech-boutique

Gustavo Filgueiras, CEO do Grupo Emiliano, posa para a foto com um sorriso, vestindo um blazer preto sobre uma camisa branca e calça bege. O ambiente sofisticado e bem iluminado apresenta painéis de madeira verticalizados, decoração minimalista e tons neutros, transmitindo elegância e modernidade.

O mercado de hospitalidade brasileiro está prestes a ganhar um reforço de peso: o V3rso, primeiro tech boutique hotel do País, idealizado por Gustavo Filgueiras, CEO do Grupo Emiliano. Unindo tecnologia de ponta a um serviço altamente personalizado, o novo projeto representa a aposta de Filgueiras em redefinir a experiência de hospedagem — sem perder a essência do bem-receber que sempre caracterizou seus empreendimentos.

Filgueiras construiu sua essência no mercado de hospitalidade. Por isso, a criação de um hotel altamente focado em inovação não surpreende. Desde menino, ele era fascinado por entender e aprimorar o funcionamento de tudo à sua volta. “Sempre fui muito entusiasta de tecnologia. Montava e desmontava PCs com muita facilidade”, lembra, deixando claro que não se trata apenas de um gosto passageiro, mas de uma convicção.

Esse interesse ganhou força ao longo dos anos, sobretudo quando ele passou a atuar nos negócios da família — primeiro na incorporadora comandada por seu pai, depois assumindo responsabilidades no Grupo Emiliano, referência em hotelaria de luxo no Brasil.

Influência do pai e hospitalidade de luxo

Filgueiras credita grande parte da sua visão empreendedora à relação com o pai, que já tinha experiência em hotelaria e incorporação. “Comecei a trabalhar com ele na incorporadora por conta da minha formação em arquitetura”, recorda, enfatizando que essa convivência o ajudou a perceber como cada detalhe — do projeto de construção ao atendimento — impacta a experiência do cliente.

Foi nesse ambiente de aprendizado que ele se deparou com um mercado de luxo em evolução. Em 2001, Emiliano surpreendeu ao oferecer um nível de personalização inédito para a época. “Depois que abrimos, o mercado de luxo copiou a gente”, relembra, sem lamentar a concorrência, mas atento a necessidade de inovar continuamente.

Um dos lemas que ele gosta de repetir é: “Não se cria nada do zero, é preciso questionar o processo e estamos em eterna mudança”. A frase resume sua metodologia de trabalho, baseada na observação, pesquisa e combinação de referências para chegar a soluções originais. Ao olhar para setores como aviação e automotivo, ele busca ideias para aprimorar a hospitalidade, sempre apoiadas na experiência do hóspede.

Inovar: a arte de juntar ideias

Antes de surgir o V3rso, o executivo já vinha transformando o cenário de hotelaria de luxo com o Grupo Emiliano. Desde o início, o conceito de personalização do Emiliano, seja na escolha de amenidades ou no atendimento diferenciado, mostrava como a inovação pode se tornar padrão no mercado em poucos anos. Para ele, o segredo está justamente em conectar pontos que pareciam soltos e “traduzir” essas conexões em produtos ou serviços.

Essa inquietação deu origem ao V3rso, definido por ele como “a união entre o acolhimento humano e a eficiência da tecnologia”. A ideia vem sendo gestada há alguns anos. Somente agora, porém, o projeto ganha forma definitiva, depois de muita pesquisa e trabalho extenso com a Thoughtworks, na esteira de um investimento de R$ 11 milhões em três anos.

No V3rso, o hóspede vivenciará uma jornada digital completa: horários de check-in e check-out sob demanda; reconhecimento facial como chave de acesso ao quarto; automação de temperatura, iluminação e outros ajustes de acordo com preferências pessoais; tudo isso pautado em inteligência artificial (IA) que aprende o comportamento e antecipa necessidades.

“Queremos que o quarto funcione de acordo com o comportamento do hóspede”, explica, reforçando que, apesar do forte componente tecnológico, a essência do acolhimento permanece.

Segundo Filgueiras, o motor de todo esse processo é a constante reflexão sobre como aperfeiçoar a experiência do cliente. “Eu sempre penso: o que posso fazer diferente?”. Esse questionamento orienta não apenas o V3rso, mas também o posicionamento do Grupo Emiliano, que equilibra a tradição do luxo com a busca por novos formatos de hospedagem, conta.

Próximos passos e integração

O primeiro hotel V3rso tem inauguração prevista para os próximos meses, em São Paulo, e outros empreendimentos já estão em construção ou em fase de negociação — com novos lançamentos previstos em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Brasília, cidades estratégicas para o público corporativo que busca localização privilegiada e serviços de alto padrão.

O grande desafio, aponta o executivo, é integrar a plataforma tecnológica à operação real, garantindo que cada detalhe — do check-in autônomo às funções de IA — funcione perfeitamente. “Concluímos a tecnologia e temos agora um roadmap intenso. Agora é hora de conectar tudo ao mundo real”, destaca.

Expansão, venda de unidades e foco no viajante de negócios

Além de operar como hotel, o V3rso também aposta em unidades que poderão ser comercializadas — modelo que, segundo o CEO, está em avaliação para diferentes cidades, atendendo tanto ao público investidor quanto a viajantes que desejam ter uma espécie de “residência high-tech” sempre à disposição. Os valores de venda variam de acordo com localização e metragem das unidades, mas o conceito principal permanece: oferecer uma experiência sob medida para quem valoriza tecnologia de ponta e serviços premium.

O foco inicial do V3rso está principalmente nos viajantes de negócios, que exigem agilidade e praticidade em cada etapa da estadia. Por isso, soluções como check-in automatizado e controle inteligente de serviços podem ser customizadas para otimizar o tempo do hóspede, permitindo que ele se concentre em seu trabalho ou em momentos de lazer.

Em relação aos valores de hospedagem, a proposta é manter uma faixa de preço competitiva para o público corporativo de alto padrão, alinhada ao mercado de hotéis-boutique que priorizam personalização e comodidade. A diária pode variar, mas a estimativa é de que fique em torno de R$ 700 a R$ 1,2 mil, dependendo da localização, do período e dos serviços adicionais selecionados.

Tecnologia em favor de eficiência e sustentabilidade

Sem dúvidas, destaca o CEO, um dos diferenciais do V3rso está no uso da tecnologia para gerir recursos de maneira mais eficiente. Sensores e sistemas de automação ajustam a iluminação, o ar-condicionado e até o consumo de água conforme a ocupação e as preferências dos hóspedes. Com isso, além de tornar a experiência mais confortável, a marca reduz desperdícios e minimiza impactos ambientais.

“O quarto se adapta ao comportamento do hóspede, mas sem deixar de lado a importância da sustentabilidade”, reforça. Luzes e equipamentos são controlados de forma inteligente, ligando-se apenas quando necessário e adequando intensidade ou temperatura para maior conforto e economia. A meta, segundo ele, é conciliar bem-estar, tecnologia e responsabilidade ambiental em um único conceito.

Uma nova era na hospitalidade

A revolução que o V3rso propõe não se resume a aparatos tecnológicos, mas a uma mudança de mentalidade sobre como criar experiências únicas. A expectativa de Filgueiras é de que o modelo sirva de inspiração para o setor hoteleiro como um todo — mostrando que é possível unir eficiência, personalização e tecnologia sem comprometer o calor humano.

Enquanto isso, ele segue atento a cada detalhe, inquieto. “Sou extremamente crítico, mas também muito resiliente”, diz, lembrando ter sido essa a fórmula de sucesso de ter trabalhado com o pai, fato inédito entre os irmãos. E reitera a pergunta de sempre: “O que posso fazer diferente?”. É nessa toada de inovação e inquietude, ele dá mais um passo ousado na história da hotelaria brasileira. É o futuro do setor batendo à porta do presente.

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