Verão mais seco acende alerta sobre clima, agricultura e segurança alimentar

O verão de 2025 terminou com um sinal amarelo aceso para o Brasil. Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o volume de chuvas entre dezembro e fevereiro ficou abaixo do necessário para recompor a umidade do solo em diversas regiões do país. A situação é especialmente grave no Centro-Oeste, na Amazônia e em partes do Sudeste, onde o déficit hídrico chegou a até 200 milímetros — um número expressivo, considerando que essa deveria ser a estação mais chuvosa do ano. Para se ter ideia, 200 milímetros equivalem a dois meses inteiros sem cair uma gota d’água, em regiões onde o esperado era chover praticamente dia sim, dia não. Ou, em termos mais visuais: é como se toda uma região tivesse perdido o equivalente a 200 litros de água por metro quadrado. Essa falta de reposição da água do solo tem implicações diretas na agricultura, no equilíbrio ambiental e também no bolso do consumidor. O solo seco afeta o desenvolvimento das lavouras, reduz a produtividade e pressiona o preço dos alimentos. Prova disso é que, segundo o IBGE, os produtos alimentícios foram os principais responsáveis pela inflação registrada em março. Mas não para por aí. O estresse hídrico também impacta a vegetação nativa. O Inmet já aponta sinais de perda de folhas em áreas da Amazônia, do Pantanal e do Cerrado, o que torna a vegetação mais vulnerável a queimadas. Ou seja, a estiagem fora de época não é apenas um problema agrícola — ela é também um risco ambiental.

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É preciso compreender que não estamos falando de um evento pontual. O padrão de verões menos chuvosos vem se repetindo nos últimos anos. Dados do próprio Inmet mostram que, desde 2021, a estação tem registrado precipitações abaixo da média em grande parte do território nacional. O que antes era exceção, agora começa a se tornar regra — e isso exige uma resposta mais firme do poder público e do setor produtivo. A crise climática está alterando os ciclos naturais. E um país que depende da agricultura como pilar econômico não pode tratar esse fenômeno como algo passageiro. É hora de levar a sério a relação entre clima, segurança alimentar e desenvolvimento.

Investir em preservação ambiental, ampliar a recuperação de nascentes, promover uma agricultura de baixo carbono e fortalecer a previsão climática para o campo não são medidas acessórias — são ações urgentes. Um verão com menos chuva pode parecer apenas um dado meteorológico. Mas, quando olhamos com atenção, ele revela algo bem maior: um modelo de desenvolvimento que precisa ser repensado antes que a conta, cada vez mais alta, nos atinja com mais força — seja no campo, na cidade ou no supermercado