Warner Music Brasil investe em IA para reviver voz de Cleber Augusto

Homem mais velho sentado num sofá cinzento, a tocar um violão acústico com expressão serena e sorridente. Veste uma camisa de flanela às riscas em tons roxo e azul, calças de ganga e boné escuro com a palavra 'Clarks' escrita. O ambiente é moderno e acolhedor, com iluminação azul suave e painéis acústicos na parede, sugerindo que se trata de um estúdio de gravação.

Em meio a milhões de discussões sobre o papel da inteligência artificial na arte, a Warner Music Brasil decidiu testar os limites em um projeto inovador. A gravadora vai dar vida à voz da lenda do samba, Cleber Augusto, num case que experimenta como o uso adequado da IA pode ser relevante para a cultura.

A iniciativa “Minhas Andanças”, de Cleber Augusto, permitiu que o artista de 74 anos volte a lançar um novo álbum após 21 anos vivendo com afonia total causada por um câncer na garganta. A obra foi lançada nesta quarta-feira (30) e contou com a presença de grandes nomes do mundo do samba, como Zeca Pagodinho, Péricles, Seu Jorge, Ferrugem, Diogo Nogueira, Xande de Pilares, Mumuzinho, Tiê e Roberta Sá. Além disso, uma edição deluxe do álbum chega às plataformas digitais no próximo dia 21 de maio, com mais quatro faixas inéditas.

“A tecnologia, quando usada com respeito e propósito, pode ser uma grande aliada da arte. Esse projeto não substitui a genialidade de Cleber, mas permite que sua voz e sua história continuem vivas. É uma forma de celebrar seu legado e mostrar ao mundo a importância de sua obra”, afirma Tony Vieira, A&R Manager da Warner Music Brasil.

O processo de recriação dos vocais de Cleber contou com o trabalho de muitos artistas, com destaque especial para o Alexandre Marmita, cantor, compositor e cavaquinista. Por ter o mesmo timbre que Cleber Augusto, e ser grande fã de seu trabalho, o artista foi selecionado para interpretar as canções que alimentaram o software de IA, servindo como ferramenta essencial para guiar a tecnologia no processo de criação das canções.

“Foi uma honra imensa participar desse projeto e dar minha voz para ajudar a tecnologia a trazer de volta o canto de um mestre como o Cleber. Ele é uma referência para mim e para muitos sambistas. Saber que meu timbre serviu como base para essa recriação é algo que me emociona profundamente”, conta Marmita.

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A produção do projeto ficou a cargo de Alessandro Cardozo e Tony Vieira, que selecionaram um repertório que atravessa a carreira de Cleber, reunindo artistas de várias gerações para imprimir frescor e autenticidade às composições.

O projeto conta com 14 faixas, sendo 13 regravações de clássicos do sambista, e uma canção inédita – “Imã” – , que vem a ser a grande surpresa do álbum. Composta há mais de 20 anos, a canção foi resgatada de um tape antigo do artista e será lançada com a participação de Péricles.

“A voz é a alma da música, e a IA me permitiu manter a essência da minha interpretação, mesmo com a tecnologia. O resultado final é surpreendente. A emoção e a mensagem das músicas continuam intactas, e isso é o que realmente importa. Agradeço a Warner e a todos os envolvidos que tornaram este projeto possível”, declara Cleber Augusto.

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