Y Combinator acusa Google de monopolista e de sufocar ecossistema de startups nos EUA

A Y Combinator (YC), uma das mais renomadas aceleradoras de startups do mundo, fez duras críticas ao Google em um amicus brief enviado recentemente ao Departamento de Justiça dos Estados Unidos, no contexto do processo antitruste movido contra a gigante das buscas.
No documento, apresentado em 9 de maio, a Y Combinator classifica o Google como um “monopolista” e afirma que a empresa tem “sufocado” o ecossistema de startups nos EUA ao criar um ambiente de medo e desestímulo para novos empreendimentos que poderiam concorrer com seus serviços principais — especialmente nas áreas de busca na web e inteligência artificial (IA).
De acordo com o texto da YC, o Google teria instaurado uma espécie de “zona de morte” (kill zone) ao redor dos setores em que domina. Essa zona impediria investidores de financiarem startups que atuam em áreas sensíveis à atuação da empresa, por medo de retaliações ou da simples incapacidade de competir contra um player tão poderoso.
“O Google congelou os mercados de busca na web e publicidade textual por mais de uma década”, afirma a Y Combinator no documento.
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Startups com medo do Google
A aceleradora revela que atualmente busca investir em startups que desenvolvem ferramentas de IA voltadas a perguntas e interações com informações — um campo emergente que pode transformar o modo como usuários acessam conhecimento online. No entanto, a Y Combinator vê um “risco claro” de que o Google utilize seu poder monopolista para desacelerar ou bloquear o avanço desse tipo de tecnologia.
“O Google inibiu empresas independentes como a YC de financiar e acelerar startups inovadoras que poderiam desafiar seu domínio”, aponta o documento. “O resultado é um cenário artificialmente atrofiado e estagnado.”
YC não pede quebra do Google — ainda
Apesar das críticas contundentes, a Y Combinator não está exigindo uma divisão imediata da empresa, como esclareceu o CEO da aceleradora, Garry Tan, em resposta a uma postagem do investidor Sheel Mohnot no X (antigo Twitter), onde o documento foi divulgado inicialmente.
Segundo Tan, o ideal seria que o Google abandonasse práticas consideradas anticompetitivas, como o pagamento bilionário à Apple para manter o Google como motor de busca padrão no iPhone. A YC também pede que a empresa libere o acesso ao seu índice de busca para que outras empresas possam treinar modelos de linguagem (LLMs) com base nesse acervo de informações — uma proposta ousada, que tocaria no cerne do modelo de negócios da Big Tech.
Comparado por analistas à ideia de obrigar a Microsoft a tornar o Windows de código aberto ou forçar a Amazon a entregar pacotes gratuitamente para concorrentes, o pedido representa um marco na crescente pressão sobre o Google para aumentar a competitividade no setor de tecnologia.
Tan foi ainda mais longe em sua manifestação na rede social X. Ele propôs o que chamou de uma espécie de “ameaça do martelo de cisão”, sugerindo que, caso o Google não mude suas práticas em até cinco anos, o governo deveria intervir e forçar a empresa a se desfazer de partes de seu império corporativo.
“Amamos o Google”, disse Tan em outro post. “Mas também queremos que a ‘pequena tecnologia’ tenha sucesso.”
Contexto do processo antitruste
O processo em questão é uma das ações mais relevantes que o governo dos EUA moveu contra uma empresa de tecnologia nas últimas décadas. O Departamento de Justiça acusa o Google de usar seu poder econômico para manter seu monopólio nos mercados de busca e publicidade online, sufocando a concorrência e limitando opções para os consumidores.
Ao se posicionar como amigo da corte (amicus curiae), a Y Combinator se junta a um número crescente de vozes do setor de tecnologia que pedem maior regulamentação das Big Techs. A diferença é que, ao contrário de muitos críticos, a YC traz a perspectiva de quem está na linha de frente do empreendedorismo, investindo e incubando empresas nascentes.
Impacto no ecossistema de inovação
A intervenção da Y Combinator é vista por especialistas como um alerta para os riscos de concentração excessiva de poder em poucas empresas. Quando investidores deixam de apostar em ideias inovadoras por medo da reação de gigantes como o Google, o resultado é um ecossistema menos dinâmico, menos diverso e menos propenso à disrupção — fatores essenciais para o avanço da tecnologia e da sociedade.
Com informações do TechCrunch
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