Zé Trovão cobra CPI para investigar crise nos Correios
Na manhã desta segunda-feira, o deputado federal Zé Trovão (PL-SC) protocolou um pedido de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) com o objetivo de investigar a severa crise enfrentada pelos Correios. A estatal, que se tornou um dos principais fatores para o aumento do déficit das empresas públicas em 2024, registrou um rombo de R$ 3,2 bilhões no ano passado, conforme dados do Ministério da Gestão e Inovação (MGI). Esse resultado impacta diretamente 50% do déficit total de R$ 6,3 bilhões de 20 estatais federais, sem incluir exceções orçamentárias. É importante notar que grandes empresas, como Petrobras e Banco do Brasil, foram excluídas dessa conta.
A secretária do MGI apontou que os Correios enfrentam dificuldades devido à falta de investimentos, à rescisão de contratos e à perda de receitas, fenômenos que se intensificaram após a inclusão da empresa no Plano Nacional de Desestatização, durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro. Em entrevista ao titular desta coluna, Zé Trovão revelou que outros pedidos de CPI foram retirados em apoio ao seu requerimento.
“Nós apresentamos logo pela manhã o requerimento, inclusive foi um acordo que eu fiz junto ao nosso líder da oposição, Zulko, também com o delegado Paulo Bilinski, de São Paulo, que também tinha um protocolo que ele ia fazer, e também com o nosso deputado do Rio de Janeiro, Carlos Jordi. Todos eles retiraram os seus protocolos para apoiar o meu protocolo, o meu requerimento da criação dessa CPI”, explicou o deputado.
Trovão também ressaltou a situação crítica dos Correios, que se encontram endividados a ponto de comprometer a qualidade dos serviços prestados à população. “Estamos em um momento em que o país se afunda em dívidas. Os Correios encerraram o último ano com um endividamento de R$ 8 bilhões. Não podemos mais permitir essas aberrações. Precisamos entender a raiz do problema, e essa CPI é essencial para trazer clareza”, enfatizou.
O deputado lembrou ainda que a realização da CPI não é uma novidade, citando uma CPMI anterior que expôs diversos escândalos. “Olha, 2004 foi extraordinário, porque em 2004 nós descobrimos, através dessa CPMI, o mensalão, todos aqueles escândalos de corrupção. E agora queremos a mesma coisa: descobrir onde está o problema, qual é a fonte do problema.
A gente não pode permitir mais que o Brasil continue seguindo esse caminho, porque o povo brasileiro não consegue, hoje, não é nem comer a picanha; o povo não está conseguindo tomar o café, aquele cafezinho preto da manhã, eles já não estão conseguindo tomar mais. Isso tudo tem influência, porque quando você tem estatais dando prejuízo ao invés de lucro, você acaba tendo que remanejar recursos da União para pagar esses rombos.
E enquanto você faz isso, você tira recurso da saúde, você tira recurso da segurança e, principalmente, da infraestrutura brasileira e da educação. Então a gente tem que tomar muito cuidado; essa é uma CPI que com certeza é apartidária”, alertou Trovão.Para a instalação da CPI, são necessárias 171 assinaturas, além da autorização do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos). A oposição já começou a lembrar da CPMI de 2004, quando escândalos do governo do PT foram expostos, reforçando a necessidade de uma investigação semelhante.