História – Brasil Colônia 1789 a 1808

Na Europa e nos Estados Unidos os ideais republicanos de liberdade e a expansão da revolução industrial, espalhava-se, mas no Brasil pouca coisa mudava, já que ainda era colônia portuguesa. A maneira de administrar a colônia ainda era a mesma: uma economia voltada para atender as necessidades da metrópole e uma sociedade escravista.

Devido o grande contraste entre a maneira dos portugueses agir e as mudanças na Europa e nos Estados Unidos, a crise na colônia portuguesa seria inevitável. Na base da crise encontravam-se três processos históricos, que também serviram de marco para o início da idade contemporânea.

O primeiro foi a Revolução industrial, que teve início na Inglaterra no século XVIII. Com o crescimento da indústria, houve o aumento da necessidade de mercados consumidores. Isto serviu para o rompimento do pacto colonial e o estabelecimento do livre comércio, que tinha por base a concorrência.

O segundo foi a Independência dos Estados Unidos, que teve como forma de governo a República e serviu de estímulo para outras colônias quererem fazer o mesmo. O terceiro processo foi  a Revolução Francesa em 1789, que destruiu o Antigo Regime.  Todos estes eventos atingiram a colônia portuguesa e serviram de base para a formação de grupos contrários à dominação colonial.

 

Início das rebeliões

As primeiras rebeliões que ficaram conhecidas foram a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana, embora tenha havido outras, que tinha características que eram contra apenas alguns aspectos da política colonial. Mas estas desafiaram o poder na colônia. Mas houve outras que abalaram a maneira da metrópole encarar a sua colônia.

 

Revolta de Beckman – no Maranhão, 1684

No final do século XVII as dificuldades no Maranhão cada dia aumentavam mais. Isto porque a economia era direcionada apenas para a exportação, em conseqüência a falta de alimentos foi geral. Os maiores inimigos dos colonos eram: os jesuítas, que eram fortes opositores da escravidão dos índios; e a Companhia Geral do Comércio do Maranhão, que dominava o comércio de mercadorias.

Em 24 de fevereiro de 1684, com a ausência do governador, a população de São Luis se rebela, prende o governador interino, invadi o colégio dos jesuítas e destroem os armazéns da Companhia do Comércio.

Os líderes da revolta foram os irmãos Manuel e Tomás Beckman, proprietários de terras.Que eram contra os jesuítas e o governo. A reação do governo foi um ano depois e foi bem agressiva. O resultado foi o enforcamento dos líderes do movimento o controle da região outra vez.

 

Guerra dos Mascates – em Pernambuco, 1710

As cidades de Olinda e Recife, no litoral pernambucano, eram bem conhecidas devido sua rivalidade. Na  cidade de Olinda, moravam os ricos fazendeiros; na cidade de Recife,moravam os comerciantes, portugueses em sua maioria, conhecidos também como mascate pelos aristocratas. Olinda já era uma vila, tinha Câmara Municipal e pelourinho, um lugar bem desenvolvido para época. Já Recife era somente uma freguesia, um distrito, ligado a Olinda.

Com o aumento do comercio, Recife se desenvolveu, e começou a exigir da coroa o direto de tornar-se vila ,pedido este que foi logo atendido.

Mas Recife foi invadida, seu governador destituído e o pelourinho derrubado. Lideres do movimento chegaram a propor que Pernambuco proclamasse a Republica e se separasse de Portugal.

Essa luta durou quase um ano e findou com a intervenção da metrópole. Daí em diante, Recife, já transformada em vila, consolidou posição de destaque em relação a Olinda.

 

A colônia entre os séculos XVIII e XIX

No começo do século XVIII, a mineração chamou atenção de muito da população que antes se dedicava a outras atividades. Os produtos coloniais começaram a sofrer  forte concorrência no mercado internacional, como a do açúcar produzido pelos holandeses nas Antilhas. Esses dois aspectos levaram a agricultura colonial a uma queda na saída dos produtos.

No final do século, com a decadência da mineração, as atividades agrícolas ressurgiram, que serviu para fortalecer o poder econômico dos agricultores. A recuperação da agricultura ocorreu por causa de diversos fatores:

>  aumento da população européia, junto com o aumento dos mercados consumidores de gênero tropicais;

» A Revolução Industrial, que estimulou o crescimento do consumo de matéria-prima, e da sua produção;

» Substituição dos tecidos de linho e lã pelos de algodão, que estavam sendo cultivado na América;

» As Lutas pela independência nas colônias inglesas da América do Norte e as francesas das Antilhas, fez diminuir o poder dos concorrentes no comercio de produtos agrícolas;

» Política rígida de aclimatação de gênero agrícolas adotadas pelo governo  na época de Pombal.

Os três primeiros fatores reforçavam a necessidade do livre comercio, o que ia de encontro os interesses da metrópole.

O que serviu de estimulo para a produção de algodão e outros bens agrícolas na colônia, foi a exportação, que foi praticada com muita força na última parte do século XVIII. No início, a cultura algodoeiro se desenvolveu mais no Maranhão, estimulada pelos créditos, escravos e ferramentas fornecidos pela Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão, entre 1756 e 1777.

açúcar também experimentou uma retomada no fim do século XVIII. A região que teve mais destaque foi  a capitania de São Paulo.

Com o ressurgimento da agricultura, a área litorânea passou a ter maior valor econômico. Minas tornou-se um dos mais importantes centros de criação de gado, onde foi produzido laticínios e toucinho.

Este renascimento agrícola só não foi maior porque esbarrou em dificuldades estruturais, como a falta de desenvolvimento no setor.

 

Uma nova visão na colônia

No começo do século XIX,houve muitas mudanças em várias sociedades do Ocidente, e estas mudanças também passaram a afetar as colônias na América portuguesa. Os  movimentos de maior destaque foram a Inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana. Entre eles, as  semelhanças foram: o desejo de liberdade política. Claro que também tiveram grandes diferenças como por exemplo as classes sociais que faziam parte. A   inconfidência mineira foi na sua maior parte organizada por um grupo letrado; enquanto a conjuração baiana a participação foi maior das camadas mais pobres da população, como os escravos.

 

A Inconfidência Mineira (1789)

Dentre as rebeliões ocorridas no século XVIII, a Inconfidência Mineira teve grande destaque, pois envolveu vários setores da elite intelectual e questionou o sistema colonial. O governo ainda queria ter  uma política rígida:

» Queria que todos trabalhassem nas minas para arrecadar mais impostos sobre o ouro extraído;

» Proibia a instalação de engenhos de açúcar na região, pois achava que isto poderia deslocar escravos da extração do metal;

» Mantinha o monopólio do sal nas mãos de alguns comerciantes;

» Manufaturas de tecidos foram fechados: por isso os colonos tinham de comprar panos de Portugal;

» O uso de estradas para o litoral foi restringido, para evitar o contrabando de ouro;

» aumentou a cobrança dos impostos atrasados, mesmo diante da queda da produção do metal;

Estas medidas deixavam revoltados os colonos e fortaleciam ainda mais o sentimento de liberdade e independência. Além destes fatores, as idéias vindas das ex-colônias inglesas, livres da Inglaterra desde 1776, e da Europa ajudaram para aumentar a vontade de ter liberdade. Isso tudo vinha junto com os filhos de colonos que eram mandados para estes lugares afim de estudarem.

O descontentamento se espalhou; faltava apenas assumir o formato de movimento político organizado. Uniram-se pessoas de várias origens: poetas, escritores, mineradores, militares, padres. Um deles, que teve destaque foi Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, era um militante destacado: este não se conformava em ficar só em sua região, por isso viajavam com freqüência por outros locais para conquistar mais  adeptos.

Os planos estabelecidos pelo movimento armado , estava programado para o dia em que começariam as cobranças de impostos atrasados. Um de seus  objetivos eram a proclamação da Republica, a fundação de fabricas e a criação de uma universidade em Vila Rica. Joaquim Silvério dos Reis, infelizmente um traidor infiltrado no movimento, avisou o governador, que por sua vez suspendeu a derrama( a cobrança de impostos atrasados) e mandou prender os principais líderes.

Após intensos interrogatórios, a sentença foi: morte para Tiradentes e expulsão dos outros para a África. Apesar do seu importante papel, a rígida punição a Tiradentes, foi dada pelo seguinte fato, serviu de um exemplo, ou seja , o que poderia acontecer se alguém resolvesse ir contra a Coroa.

Tiradentes foi enforcado e seu corpo esquartejado: a cabeça ficou em Vila Rica; os membros foram pendurados em postes na estrada que ligava Minas Gerais ao Rio de Janeiro; sua casa foi destruída e a terra salgada, para amaldiçoar seus descendentes.

No final do século XVIII, era grande na Bahia a insatisfação com a carestia, mas também as idéias de liberdade, igualdade e fraternidade, aumentavam ainda mais a vontade de terem um governo diferente. Para discutir e divulgar essas idéias, foi fundada em Salvador a loja maçônica Cavaleiros da Luz. Claro que o governo reagiu e prendeu vários destes manifestantes.

Nenhum dos imigrantes da loja maçônica Cavaleiro da Luz estava entre os detidos. A defesa procurou mostrar que a linguagem dos panfletos estava acima da formação intelectual dos acusados, pessoas simples, como mulatos e escravos. Mesmo assim quatros foram condenados a morte: Luís Gonzaga das Virgens, Lucas Dantas de Amorim Torres, João de Deus do Nascimento e Manuel Faustino dos Santos; todos eram mulatos.

 

A crise do sistema colonial e o surgimento de outros movimentos

A inconfidência Mineira e a Conjuração Baiana podem ser apontadas como movimentos que antecederam a emancipação política do Brasil. Pois estes movimentos deram uma consciência  de emancipação.

Os inconfidentes mineiros desejavam “a independência, que este país podia ter”; que “se fizesse uma Republica, e ficasse livre dos governos que só vêm cá ensopar-se em riquezas”. O objetivo dos conjurados baianos era o estabelecimento de “um governo democrático, livre e independente”.

Em cada movimento é notado o desejo de uma política melhor e mais justa pelo menos para os colonos. E também mostra, no plano político, o agravamento das tensões derivadas do próprio funcionamento do sistema colonial. O exemplo secessionista da América inglesa esteve permanentemente vivo em todo o processo da rebelião mineira; o aspecto libertário da França revolucionária acompanha os insurretos baianos de 1798. de certa forma todas as revoluções se repetem, as únicas diferenças são o local e a época , o objetivo acaba sendo o mesmo.

Fonte: http://www.juliobattisti.com.br/tutoriais/adrienearaujo/historiadobrasil002.asp

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