2024 é nosso: cresce o número de mulheres no comando de empresas

Feliz 2024, principalmente para nós, mulheres! Sim, esta mera colunista quis começar a primeira publicação do ano enaltecendo o empreendedorismo feminino porque, afinal, eu sinto isso na pele, ainda mais sendo mãe solo praticamente. A ascensão do empreendedorismo feminino no Brasil é notável, com um aumento significativo de visionárias que iniciam e lideram seus próprios negócios. No entanto, os dados revelam que, apesar desse progresso, muitas delas ainda enfrentam obstáculos significativos. De acordo com o Sebrae, baseando-se em informações do IBGE, as mulheres representam 34% do total de empreendimentos no Brasil em 2022, totalizando mais de 10 milhões de mulheres à frente de seus próprios negócios. Embora esse número seja encorajador, a pesquisa destaca que nove em cada dez empreendedoras comandam suas empresas de forma independente, enfrentando desafios que vão desde a gestão inadequada até a informalidade.

Além da cobrança em todas as áreas, porque temos que ser boas mães, amantes, esposas, namoradas, filhas, profissionais, enfim, sofremos também com outros obstáculos ao longo da nossa jornada. “Enfrentar os desafios culturais é uma realidade para muitas empreendedoras no cenário nacional. Crenças arraigadas sobre o papel da mulher na sociedade, como a ideia de que ‘mulher não sabe lidar com dinheiro’ ou que ‘mulher age com emoção e não toma decisões como empresária’, contribuem para a persistência da desigualdade nos negócios. Muitas vezes essas mulheres não enxergam seus empreendimentos como negócios formais, o que as impede de implementar práticas eficazes de gestão”, analisa Cristhiane Sorolla, conselheira e mentora de negócios.

A pesquisa “Mulheres Empreendedoras e Seus Negócios” de 2022, conduzida pelo Instituto Rede Mulher Empreendedora (IRME), com apoio da Meta e execução do Instituto Locomotiva, revelou que a maioria das mulheres empreende por necessidade. De acordo com a especialista empresarial, é importante que a mulher mude sua mentalidade para uma perspectiva empreendedora, reconhecendo a autorresponsabilidade pelas decisões que impactam tanto a vida pessoal quanto os negócios. “Estratégias, organização e planejamento são essenciais para equilibrar empresa, autocuidado e responsabilidades diárias. Para as empreendedoras que almejam criar negócios sustentáveis e lucrativos é fundamental adotar uma mentalidade empresarial. Isso inclui compreender que o negócio é um meio para alcançar objetivos pessoais e sonhos, construir uma rede de apoio, definir valores pessoais e propósito de vida, além de investir em planejamento inteligente e na gestão eficiente das diversas áreas do negócio”, ensina.

A profissional que atua há mais de 10 anos como palestrante e é sócia da Gestão com Elas Treinamentos e Consultoria, empresa especializada em dar suporte, conselho, mentoria, treinamento e consultoria para empresas nascidas de mentes femininas, vai além. “Muitas empreendedoras resistem a pedir ajuda ou demonstrar vulnerabilidade na gestão, o que pode prejudicar o desenvolvimento do negócio. É preciso reconhecer a importância de conselhos administrativos, comitês e programas de mentoria para acelerar o crescimento e garantir a sustentabilidade dos negócios liderados por mulheres”. Diante dos desafios apresentados na rotina e depois de vivenciar diversos problemas, obviamente, Cris Sorolla desenvolveu um trabalho exclusivo com base na consultoria sistêmica. Dessa forma, as executivas contam com orientação especializada para lidar com desafios cotidianos, desde gestão de equipes até questões financeiras e emocionais. “A conselheira sistêmica torna-se parte ativa da direção do negócio, contribuindo para o desenvolvimento de soluções práticas e eficazes. Em resumo, as empreendedoras brasileiras enfrentam desafios significativos, mas com a mentalidade certa, apoio adequado e estratégias eficazes, é possível superar obstáculos e alcançar o sucesso nos negócios”, define.

Para Michelle Soares, gestora financeira e de investimentos, a consultoria sistêmica foi um divisor de águas. “Depois da análise, eu consegui me ver como empresária de verdade e pude identificar e potencializar habilidades fantásticas, as transformando em renda efetiva e inclusive engrenando na carreira que eu nem imaginava prosperar. Tudo isso por meio de uma visão empática porque você está com uma dor, quando você está com uma trava, né, e isso conseguimos remover durante o processo. Hoje eu tenho, sim, essa carreira de gestora financeira e eu tenho alguns produtos já no mercado, além do atendimento de gestão graças à visão dela. Graças a essa esses insights, a essa empatia, sensibilidade, onde ela consegue perceber que você tem realmente um potencial, uma dificuldade e como transitar entre os dois”, conta. “Essa imersão nos permite um olhar claro diante das dificuldades porque, independentemente da profissão, é preciso ter a visão de empresária. Digo isso porque arquiteto costuma ser criativo e está mais a fim de criar e esquece muitas vezes a parte burocrática. Só que ela é muito importante, aliás, essencial. Fazer isso pode parecer chato, mas é necessário e faz parte do seu negócio”, fala Thais Regina, arquiteta e mentora de arquitetos.

Você deve estar se perguntando (principalmente se for homem) por que é preciso uma consultoria tão exclusiva e direcionada a mulheres? Porque só quem vive a cobrança diária que vivenciamos, com mais atribulações que um chefe de família (muitas vezes e não comparando) sabe o que é ter que equilibrar os papéis para que tudo prospere e dê certo. Explicado porque eu escolhi esse tema para estrear a coluna do ano? Ou seja, para o alto e avante, meninas, porque nós podemos. E como já dizia a rainha Beyoncé, quem manda no mundo são as mulheres, afinal, geramos a vida e fazemos a roda virar, não é mesmo? Girls!