Pouco mais de 3% do faturamento de empresas de logística é em tecnologia

Executivos discutem sobre lógistica em evento do IT Forum

Os desafios e as oportunidades no segmento de logística foram o foco da primeira edição do “Recortes Antes da TI, a Estratégia”, realizado pelo IT Forum, no Distrito Itaqui. O evento começou com Reinaldo Roveri, sócio-diretor da Stratica, falando sobre algumas das barreiras do setor, como a alta dependência do transporte rodoviário e uma infraestrutura de rodagem e escoamento deficitária.

Por outro lado, segundo o especialista, há oportunidades. As perspectivas de demanda são otimistas para 2024 e a tecnologia é vista como diferencial operacional. De acordo com o estudo Antes da TI, a Estratégia, 3,2% do faturamento das empresas de logística é dedicada ao orçamento de TI.

Desse total de investimentos, cloud já representa 20,5%, abaixo somente de pessoas (equipes e terceiros), que representam 25,6%. “E quais são as perspectivas de crescimento? 58% dos respondentes disseram que vão aumentar o investimento, o que está acima do mercado geral. 10% vão repor a inflação e 32% terão menos dinheiro”, alerta Roveri.

Além disso, para 49% das empresas de transporte e logística, a TI participa nos processos de inovação das empresas. Ou seja, é geradora e/ou incubadora da maioria dos projetos de inovação – porcentagem maior do que o mercado em geral (35%).

Executivos discutem sobre logística em evento do IT Forum

“Porém, ao mesmo tempo em que TI inova, precisa do consenso da área de negócios e mostrar como isso será feito de forma segura. Cada vez mais é necessário que o CIO atue como um storyteller, mostrando para as áreas de negócios como aquele investimento vai trazer inovação. E, em segundo lugar, TI tem que participar porque inovar sem risco, não é inovação”, diz o especialista.

Leia mais: Antes da TI, a Estratégia: 47% dos CIOs acreditam que falta maturidade em IA

No contexto da tecnologia, Inteligência Artificial (IA) é um tema que os respondentes consideram que ainda precisam de mais maturidade antes de realizar investimentos, seguido de blockchain e gestão de dados. “O que chama atenção é o fato de que a integração de sistemas e IoT são as tecnologias ‘game changer’ e que vão permitir que as empresas de logísticas se destaquem”, afirma Roveri.

Na questão de dados, os números são contrastantes. A maioria (77%) dos respondentes diz que a maturidade dos dados é média, ou seja, os dados são processados de forma estruturada, permitindo insights ao negócio e ofertas customizadas aos clientes. Entretanto, ao serem perguntados sobre os maiores desafios para a criação e execução de um projeto de gestão de dados, a maioria fala da falta de integração e processos pouco estruturados.

Debate sobre logística e TI

A segunda parte do evento contou com a presença de Rafael Tobara, CIO do Grupo Elfa; Claudia Marquesani, CIO da Petz; e Thiago Vasconcellos, gerente sênior de operações de Last Mile da Liv Up. Em um debate mediado por Déborah Oliveira, diretora de conteúdo do IT Forum, os executivos contaram como a Inteligência Artificial está presente na rotina da logística.

Claudia explica que o primeiro desafio foi trabalhar na qualidade dos dados e começar a construir algum modelo que fizesse sentido ao negócio. “Elencamos quais eram as principais dores, como a otimização da malha logística e estoque nas lojas, e criamos um modelo que hoje tem assertividade de 95% a 97% de previsão de demanda por loja. Sabemos quais os produtos que mais saem de cada loja e cada uma delas funciona como um mini CD, por isso a entrega é rápida.”

Já Tobara deu detalhes de como a IA ajudou no processo de pedido de mercadorias. Antes, um hospital (por exemplo), entrava no sistema e colocava o que precisava comprar. Os distribuidores então precificavam e mandavam opções – hoje, o sistema é capaz de fazer o trabalho de dezenas de humanos em um tempo muito menor.

Por fim, Vasconcellos diz que a IA é usada para a produtividade da equipe. “Fizemos uma parceria com uma escola de programação para comprar cursos para as pessoas aprenderem a usar. Em produção, a gente tem IA nos modelos de abastecimento. E no processo de roteirização, usamos um sistema com IA para otimizar rotas.”

A IA também se tornou uma conversa entre quem estava na plateia e os três executivos. O ChatGPT foi um dos tópicos em que todos presentes se perguntaram sobre quais são as medidas corporativas atuais e entraram em um consenso de que todos ainda estão entendendo como funcionará – visto que a maior parte dos funcionários já usam a plataforma.

E esse não é o único desafio. Outro deles é como mensurar o valor da TI para os negócios. De acordo com Tobara, o grupo faz mensalmente um recorte de resultados do quanto a tecnologia está levando para a empresa. “Qual é a margem que está melhorando? quanto de eficiência? Entre outras perguntas. Para isso, no começo de qualquer projeto, a gente precisa fazer um estudo muito grande de ROI. Nenhum projeto vai para frente sem ter uma estimativa de ROI.”

Claudia alerta para os desafios de governança de projetos. “A gente deixa para fazer no final da linha e precisa começar a fazer sempre. Temos ferramentas que estão mais conectadas com o negócio e que temos que ter maturidade para trabalhar ao longo do ano, senão vira um desespero no fim do ano.”

A executiva também frisa: o gasto não é da tecnologia, é da área de negócio, suportada pela tecnologia. Quem justifica não somos nós, é a área que usará o projeto. Se você não tem parceria com essa área, não vai dar certo.

O último tópico, também bastante ligado à logística, fo Einvironmental, Social and Governance (ESG). O executivo da Liv Up conta que desde o dia zero a empresa fala de sustentabilidade. “Sempre tivemos diretrizes, principalmente de Social e Sustentabilidade… Governança um pouco menos. Continuamos olhando principalmente sustentabilidade e economia, que é onde conseguimos colocar mais energia.”

Claudia concorda, ao dizer que ESG é chave para os negócios, mas custa. “O varejo tem margens muito pequenas. Então, do ponto de vista de tecnologia, temos trabalhado em eficiência energética e com projetos como os que ajudam as ONGs a serem mais profissionais.”

Por fim, Tobara revela que esse é o primeiro ano que ESG é uma meta corporativa. “Um dos nossos projetos é sobre delivery. Muitas vezes a caixa é jogada no lixo. Para a parte de operação, a gente está usando caixas retornáveis e que podemos reutilizar. Além disso, essa caixa tem uma tecnologia que consegue manter a temperatura baixa mais tempo para os medicamentos que necessitam e tem medição de luminosidade e GPS.”

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