Mais de 100 organizações pedem que governos reconheçam impactos ambientais da IA
![Mais de 100 organizações pedem que governos reconheçam impactos ambientais da IA 6 Imagem de chaminés de uma usina industrial emitindo grandes quantidades de fumaça branca e cinza em direção ao céu nublado. Abaixo das chaminés, é possível ver prédios residenciais ou industriais. A cena destaca a poluição atmosférica e o impacto ambiental causado pelas emissões (organizações)](https://itforum.com.br/wp-content/uploads/2025/02/carvao-usinas.jpg?x35016)
Mais de 100 organizações da sociedade civil publicaram recentemente uma carta em que pedem que os governos e líderes globais, além de executivos da indústria, reconheçam com urgência os impactos ambientais causados pelo uso da inteligência artificial (IA). O pedido ocorre poucos dias antes do AI Action Summit, encontro internacional organizado esse ano pelo governo da França, e que acontece em Paris entre 10 e 11 de fevereiro.
O AI Action Summit é um evento global que reúne líderes e especialistas de diversos setores para discutir o futuro da IA e seus impactos na sociedade. O objetivo central é promover o desenvolvimento e uso responsáveis da tecnologia, incluindo aspectos como ética, segurança, privacidade e impacto social.
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Os grupos que assinaram a carta atuam em áreas como justiça ambiental e climática, direitos humanos, tecnologia e infraestrutura de código aberto e direitos digitais. Fazem parte as organizações brasileiras Idec (Instituto de Defesa de Consumidores) e ARTIGO19, entre outras. Eles argumentam que o impacto ambiental da atual corrida desenfreada pelo desenvolvimento da tecnologia é negativo para o já pressionado clima do planeta.
Pesquisas recentes apontam que o consumo de energia por parte dos atuais algoritmos de inteligência artificial é grande, incluindo aquelas geradas por fontes não-renováveis, ou seja, poluidoras. Segundo os signatários, os governos e empresas do mundo estão optando por incentivar uma corrida atrás da tecnologia sem considerar esse impacto.
Cinco demandas
A declaração tem cinco grandes categorias de demandas para reduzir os impactos ambientais da IA ao longo da cadeia produtiva e ciclo de vida. Elas incluem o fim do uso de combustíveis fósseis; uma infraestrutura computacional da IA que esteja dentro dos limites ambientais do planeta; cadeias produtivas responsáveis; participação democrática nas decisões sobre o uso da tecnologia; e transparência sobre os algoritmos.
As organizações signatárias chamam atenção para a necessidade de rejeitar “soluções falsas e enganosas”, e apresentar caminhos práticos para alinhar a IA aos limites planetários. E citam o recente modelo chinês DeepSeek AI, que trouxe questionamentos sobre as caras estratégias de expansão da IA por parte das grandes empresas de tecnologia.
“A inteligência artificial não pode ser considerada uma solução climática enquanto depender de combustíveis fósseis, for usada para extrair petróleo e gás e consumir enormes quantidades de recursos naturais”, pondera Luã Cruz, coordenador de telecomunicações e direitos digitais do Idec. “Os governos precisam agir agora e impedir que a indústria de IA continue operando para além dos limites planetários.”
A carta pode ser lida na íntegra nesse link (em inglês).
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