Arquitetando novos espaços: conheça a jornada de Ana Maria Bezzerra

Uma mulher de cabelos escuros e longos, sorridente, veste uma blusa branca e segura uma caixa vermelha com a marca 'Kyndryl' impressa. Atrás dela, há uma parede vermelha com o nome 'Kyndryl' em letras brancas tridimensionais. O fundo vibrante contrasta com a roupa clara da mulher, destacando a identidade visual da marca.

Pode-se dizer que a inovação sempre esteve nas veias de Ana Maria Bezzera. Nascida e criada em uma das capitais da tecnologia, Recife, a vice-presidente da Kyndryl, provedora de serviços de infraestrutura de TI, sempre teve vontade de transformar e, desde cedo, aprendeu a conquistar seu espaço. Sendo a caçula de cinco irmãos, conta que se diferenciava da família em muitos aspectos.

“Meu pai era médico e queria que eu seguisse a carreira. Alguns dos meus irmãos foram por esse caminho, mas eu via o potencial que a tecnologia tinha de transformar a vida das pessoas.”

Com o apoio da família, Ana formou-se em Ciência da Computação. Já na faculdade, em uma turma majoritariamente masculina, a executiva descobriu que enfrentaria desafios constantes para conquistar seu lugar. Grande parte de suas experiências foi adquirida na IBM, empresa onde trabalhou por 25 anos, construindo uma base técnica sólida.

No entanto, foi ao ingressar na área de arquitetura de TI que realmente se encontrou. Segundo ela, essa especialidade lhe permitia resolver mais “problemas cabeludos”, como gosta de chamar. Foi justamente nessa época que percebeu como seu olhar feminino fazia a diferença nos desafios mais complexos.

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Dotada de uma curiosidade profunda e uma visão holística dos problemas, Bezzera conseguia se conectar com os clientes, criando relações de confiança e oferecendo soluções realmente eficazes. “O papel da mulher na TI é trazer essa perspectiva diferenciada, e esse pensamento diverso enriquece a discussão. Eu sempre digo para minhas mentoradas: se posicionem, não fiquem caladas, porque as pessoas precisam se acostumar a ouvir vocês.”

Ainda assim, Ana reforça que foi preciso muito estudo e determinação para chegar aonde está hoje. Como muitas mulheres em ambientes majoritariamente masculinos, precisou aprender a se expressar e lidar com cobranças elevadas. À medida que avançava na carreira, não eram apenas as pressões externas que aumentavam, mas também as internas, resultantes de um perfeccionismo constante em suas entregas.

Foi durante um programa de liderança feminina na IBM que descobriu um caminho mais leve: o das redes de apoio. Um relatório da McKinsey & Company, em parceria com o LeanIn.Org, publicado em 2022, mostrou que mulheres em cargos de liderança estão mais propensas a desistir devido à falta de reconhecimento.

“Essas mulheres sobem e se isolam. Falta uma rede de apoio para permanecermos. E, se há uma mulher numa reunião ou liderando uma iniciativa, tudo se torna mais acessível”, afirma. O aprendizado a levou não apenas a buscar sua própria rede, mas também a construir pontes para outras mulheres interessadas na área de tecnologia.

Como membro da Society of Women Engineers (SWE), organização internacional dedicada a apoiar mulheres em áreas STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics), Ana se recorda de um episódio marcante. Certa vez, uma aluna do ensino médio a procurou afirmando que gostaria de seguir na área, mas não se sentia capaz. “Foi uma conversa de 10 minutos em que eu tirei essa ideia da cabeça dela. Depois, soube que, no ano seguinte, ela ingressou em engenharia na Unicamp.”

Atualmente, sua gestão é totalmente focada no impacto sobre as pessoas, seja nos clientes ou em seus funcionários. Para as empresas que buscam a Kyndryl, a vice-presidente utiliza sua especialidade em nuvem híbrida e soluções complexas de arquitetura cruzada para dar propósito à tecnologia e desenvolver produtos personalizados.

Internamente, ao lado de sua equipe, Ana tem usado sua expertise para arquitetar novos espaços de troca e elevar o nível de inovação. A proposta é criar um sistema e uma metodologia que acolham sugestões dos colaboradores em mais de 60 países, formando uma comunidade global.

“É a democratização da inovação. Queremos fazer com que todas as pessoas se sintam à vontade para levantar a mão, trazer uma ideia e vê-la ser acolhida e desenvolvida”, conta.

A criação de espaços seguros para teste e erro vai além da inclusão. Enquanto gestora, Ana descobriu que o medo de errar é um inibidor da inovação, e a abertura da plataforma possibilitará novas perspectivas para diferentes projetos, criando um ecossistema em que todos ganham.

Quando pergunto se ela sentiu algum peso ao representar as mulheres ao longo de sua trajetória, Ana responde que não. O que vê é responsabilidade. “Sinto que há uma missão: devolver o que recebi e dar exemplo para minhas filhas e outras mulheres, mostrando que uma carreira na tecnologia é possível.”

Sobre o atual cenário das mulheres no setor, a vice-presidente da Kyndryl reconhece que ainda há muito a avançar, mas mantém o otimismo, pois a diversidade beneficia os próprios negócios. Para as jovens que estão começando ou desejam ingressar nesse caminho, ela deixa um conselho final:

“Trace um objetivo e siga até ele, porque esse espaço também é seu e é totalmente possível.”

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