Caloi reduz pela metade número de protótipos e acelera em 25% tempo de lançamento

A fabricante de bicicletas de 127 anos, Caloi, melhorou o processo de desenvolvimento de produtos reduzindo o número de protótipos em 50% por meio do uso de SolidWorks e da tecnologia de simulação. Essa inovação cortou custos e tempo de comercialização em 25%. Na prática, isso significou conseguir lançar modelos com menos testes físicos, apresentando exemplos como simulações de fadiga e carga horizontal.
A história da Caloi com o SolidWorks começou em 2009 e avançou em 2023, quando a companhia incorporou o 3DExperience para simulação. Foi uma transformação que substituiu o desenho em nanquim. “Começamos a fazer não apenas o desenvolvimento em 3D como também a documentação em 2D para fazer a integração com a fábrica em Manaus”, contou Daniel Galante, designer industrial da Caloi, em entrevista exclusiva com IT Fórum durante o 3DExperience World, evento anual da Dassault Systèmes, nesta semana, em Houston (Estados Unidos).
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Todo o processo até 2022 era demorado e custoso. “A gente desenvolvia os projetos, fabricava os protótipos e mandava para China para fazer os testes físicos e aí é onde morava o problema. Em resumo, era tentativa e erro, mandando os protótipos para laboratório na China”, acrescentou Leandro Timotio da Silva, engenheiro de produtos.
Com o 3DExperience e a capacidade de fazer simulações, a Caloi reduziu em 50% o número de protótipos, já que a ferramenta aponta os pontos de atenção — por exemplo, sugerindo onde pode haver muito estresse acumulado levando a quebras ou danos. Para se ter uma ideia da dimensão, para um modelo de bicicleta em alumínio ficar pronta para o público, eram feitos entre 30 e 40 protótipos.
“Reduzimos o número de protótipos, o custo e o tempo. O principal é o tempo, porque precisamos lançar o produto o mais rápido possível para o concorrente não lançar antes”, reforçou da Silva. Em números, os executivos apontaram que houve uma aceleração do time-to-market de 25%.
Adoção
Ao adotar o 3DExperience, a Caloi passou pela curva de aprendizado, comparando os protótipos que estavam em processo de avaliação com os resultados que a simulação no software. A ideia era que os modelos virtual e físico apresentassem os mesmos resultados. “Desenhamos, fazemos o protótipo e mandamos para o laboratório. Vamos supor que quebrou um tubo ‘x’ no teste. Quando rodamos a simulação, ela tinha de mostrar se aquilo poderia quebrar — e mostrou”, contou da Silva.
No período de avaliação e aprendizado, foi feita a engenharia reversa. “Quando estávamos para adquirir o software, tínhamos projeto em andamento e aproveitamos isso para bater os resultados”, completou Galante.
Cinco modelos de bicicletas já foram desenvolvidos usando a plataforma.
Hoje, o maior desafio da bike elétrica é ser leve. Para o futuro, os especialistas falam em usar o 3DExperience para fazer análise de bateria de motor e entender como melhorar a bateria, aportando capacidade e tendo menor tamanho. Nesse caminho, eles miram a simulação por CFD (Dinâmica de Fluidos Computacionais), uma técnica que usa computadores para modelar e analisar o comportamento de fluidos.
A ideia é usar CFD para simulação dos quadros e melhorar, por exemplo, a aerodinâmica. “CFD é muito importante para novos desenvolvimentos para as bikes de alta performance serem mais ágeis”, disse Galante. O 3DExperience oferece essa ferramenta, mas a Caloi conta, no momento, apenas com a parte de simulação de análise estrutural. Avançar para análise de fluidos está no radar.
*A jornalista viajou para Houston, nos Estados Unidos, a convite da Dassault Systèmes
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