“Estamos aumentando nosso investimento no Brasil”, diz Mike Capone, CEO da Qlik

Mike Capone, CEO da Qlik, está posando em frente a um grande letreiro com as letras estilizadas da palavra "Qlik", em um ambiente interno com cortina preta ao fundo. Ele veste um terno escuro com camiseta preta e tem expressão séria.

No ano passado, o Brasil foi o segundo mercado com crescimento mais rápido da Qlik, empresa de soluções de integração de dados e analytics. Perdeu apenas para a Índia, conforme destacou o CEO, Mike Capone, sem revelar números, em entrevista com IT Fórum, nesta terça-feira (13), véspera da abertura do evento mundial da companhia, Qlik Connect 2025, realizado em Orlando.

Capone compartilhou os planos em ter infraestrutura local para hospedagem de seus serviços de nuvem no Brasil – algo que Eduardo Kfouri, vice-presidente de vendas da Qlik para América Latina já havia adiantado no ano passado –, explicou como os investimentos vêm impulsionando aquisições e como elas têm completado o portfólio, além de analisar o que poderia levar a Qlik a abrir capital.

“Estamos aumentando nosso investimento no Brasil, adicionando de 10% a 20% em termos de custos com pessoal. Outra coisa que eu diria é que temos nossa melhor rede de parceiros do mundo no Brasil e na América Latina. Então, administramos toda a região Latina a partir do Brasil, mas é um dos lugares onde trabalhamos em estreita colaboração com parceiros para alcançar o sucesso”, disse o executivo.

A Qlik tem planos de construir o que eles chamam de região da AWS no Brasil, que seria, basicamente, uma nuvem soberana. “Isso é importante. Cada país, cada mercado tem seus próprios requisitos exclusivos; e nós temos incentivado nossos clientes a migrarem para a nuvem ao longo do tempo. Mas não os forçamos”, disse o CEO, explicando que a inovação está sendo direcionada para a nuvem, de modo a prover ciclos de inovação mais rápidos.

Qlik: investimentos e aquisições

No começo de maio, a Qlik anunciou que recebeu as aprovações regulatórias necessárias do investimento minoritário significativo liderado por uma subsidiária integral da Autoridade de Investimentos de Abu Dhabi (ADIA) e também da ampliação do capital de Thoma Bravo – que permanece como acionista majoritária da Qlik e realizou um novo investimento de capital em conjunto com a ADIA.

“Tínhamos planos de abrir o capital alguns anos atrás, mas as ações e o mercado de IPOs despencaram, então, não fizemos isso. Tínhamos muito interesse em investidores e conversamos com todos eles. Decidimos que a melhor aposta era a nossa atual empresa, Thoma Bravo. Eles investiram mais e também a ADIA, que é um fundo soberano de Abu Dhabi e uma grande investidora em IA. O que eles gostaram na Qlik foi que estamos realmente fazendo coisas reais com IA. Eles gostam de execução, de resultados reais. Eles ainda são um investimento minoritário, mas um grande investidor minoritário”, contou. A ADIA agora também faz parte do conselho.

Capone classificou os aportes como um enorme voto de confiança para a empresa e destacou que permitem continuar a jornada de “ser o maior fornecedor independente de análise de dados e IA em escala — e de forma independente”. O CEO calculou que, desde 2018, foram 14 aquisições. “Permaneceremos nesta categoria de dados, de análise de dados, governança de dados e integração de dados. Não vamos investir em videogames ou CRM ou qualquer outra coisa. Não é isso que fazemos”, ressaltou. Ao mesmo tempo, a Qlik também investiu perto de US$ 1 bilhão em pesquisa e desenvolvimento.

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Mais aquisições estão no radar e devem seguir a mesma abordagem adotada até agora. “Construímos a capacidade de integrar aquisições rapidamente. Não compramos uma empresa a menos que tenhamos um plano muito detalhado para integrá-la perfeitamente à nossa empresa”, explicou, completando que a Qlik não compra para ampliar a fatia de mercado ou buscando nichos específicos de clientes.

O objetivo é seguir complementando o portfólio. “Normalmente, somos muito, muito propositais. Há cerca de sete anos, quando entrei, definimos uma taxonomia, uma visão do que queríamos ser e, então, monitoramos constantemente o mercado. Tínhamos uma lista de alvos de aquisições. Algumas delas eram muito caras na época ou não tinham o valor certo. Mas o mercado mudou com o tempo e temos adquirido essas empresas ao longo do tempo. Realmente, se tratam de recursos adicionais para a nossa plataforma”, disse.

Questionado por IT Fórum se, com os recentes investimentos, abrir capital estaria descartado, o CEO disse que tudo é possível e que nada do que foi feito em termos de recapitalização os impediria de fazer nada. “Então, se os mercados de IPO se recuperarem e ficarem realmente empolgantes no ano que vem, certamente, consideraríamos IPO. A boa notícia é que não precisamos disso; não estamos sob pressão, pois somos uma empresa bem capitalizada”, destacou. Assim, abrir capital poderia ocorrer se, realmente, se tratasse de uma oportunidade muito boa.

Falando sobre adoção de inteligência artificial, o CEO ressaltou que não se trata de apenas plugar uma ferramenta. É preciso fazer a integração de dados corretamente, obtendo os dados de todas as fontes, primar pela governança e verificar a qualidade deles. “Se você fizer a coisa certa com esses dados, inseri-los em uma plataforma de IA moderna, será ótimo, mas precisa trabalhar duro. Não há atalhos para ter uma boa IA”, frisou.

*A jornalista viajou a Orlando a convite da Qlik

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