Cadeados inteligentes e conexões digitais: a Nestlé e o avanço na segurança fabril

A imagem mostra uma mulher sorridente, vestida de forma profissional, com um blazer preto. Ela tem cabelo longo e escuro, pele clara e está em um ambiente que parece ser corporativo, com o logo da Nestlé ao fundo, sugerindo que ela é uma gerente da empresa.

O corredor de aço reluzente da fábrica de Araras, interior de São Paulo, tornou-se, nos últimos dois anos, um campo de testes para um protocolo de segurança de trabalho que promete reinventar a relação entre pessoas e máquinas nas linhas de produção. Trata-se do LOTO digital, uma solução desenvolvida pela Nestlé em parceria com a startup BSafer. A iniciativa, que combina cadeados eletrônicos inteligentes, software administrativo e gerenciamento por aplicativo, é parte de um esforço maior da multinacional para interligar, monitorar e modernizar suas operações fabris.

“Nosso objetivo principal era desenvolver uma solução tecnológica para otimizar os nossos procedimentos de segurança”, explica Danyellen Gonçalves, gerente de inovação da Nestlé. O nome do projeto vem da sigla em inglês lockout & tagout, traduzida livremente como “bloquear e etiquetar”. Trata-se de um protocolo usado para isolar fontes de energia e travar máquinas durante a manutenção, essencial para evitar acidentes. “O LOTO Digital veio para garantir que o procedimento seja feito da maneira correta, eliminando atalhos ou etapas simplificadas.”

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A solução inclui cadeados eletrônicos que se conectam a um aplicativo, permitindo o monitoramento em tempo real das operações e o registro automático dos dados. A inovação trouxe benefícios práticos, como o aumento da segurança e a redução de erros. “Com a gestão dos dados, conseguimos capturar informações em tempo real e atuar de maneira preventiva e preditiva”, afirma a gerente.

Uma jornada de dois anos e múltiplos desafios

O desenvolvimento do LOTO Digital não foi simples. O projeto passou por diferentes fases de prototipagem e ajustes. “Tivemos desafios tanto na parte tecnológica, como na adaptação dos materiais e na robustez do equipamento, quanto na transição do preenchimento manual em papel para um sistema totalmente digital”, relembra.

Os testes começaram na unidade de Araras, com ampla participação dos colaboradores diretamente envolvidos no processo. Segundo Danyellen, essa colaboração foi essencial para o sucesso da iniciativa. “A participação dos operadores foi muito alta; eles nos deram feedbacks que ajudaram a desenvolver um produto adequado para o dia a dia”, relata. O envolvimento ativo da equipe reduziu resistências e garantiu a adesão ao sistema.

Além de otimizar os procedimentos, o projeto incorporou um sistema de duplo cheque digital, adicionando uma camada extra de segurança às operações. “O sistema verifica se todos os passos foram realizados corretamente, aumentando ainda mais a segurança.”

LOTO Digital da Nestlé. Imagem: divulgação

Do laboratório ao chão de fábrica

A inovação nasceu no Centro de Inovação e Tecnologia (CIT) da Nestlé, em São José dos Campos, que funciona como um hub de inovação aberta. “O CIT é um ecossistema de inovação onde trabalhamos em parceria com startups, centros de pesquisa e universidades para conectar demandas fabris com soluções tecnológicas”, explica.

O centro, que desenvolve projetos voltados para as 14 fábricas da Nestlé no Brasil, é responsável por integrar tecnologias emergentes, como Internet das Coisas (IoT), aprendizado de máquina e big data, às operações industriais da empresa. “Quanto mais dados conseguimos coletar, maior é a eficiência, a segurança e a qualidade dos nossos processos.”

Um modelo para a indústria

A solução desenvolvida pela Nestlé não se limita ao universo da empresa. “O LOTO Digital pode ser implementado em qualquer outra indústria”, enfatiza a gerente de inovação, reforçando o potencial da tecnologia para impactar positivamente o setor como um todo. A intermediação da parceria pela BDI (Business Development Intermediary) também busca ampliar o alcance do projeto, transformando-o em uma referência para práticas de segurança industrial no Brasil.

A meta agora é expandir a implementação dos cadeados digitais para outras unidades da Nestlé até o final de 2024. Paralelamente, o CIT continuará desenvolvendo novos projetos, explorando como a integração de dados em tempo real pode transformar não apenas os processos de segurança, mas toda a operação fabril.

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