ABDI, Senai e Fiergs recuperam mais de 700 máquinas atingidas por enchentes no RS

O presidente da ABDI, Ricardo Cappelli, visita a fábrica da ABL Plásticos e conversa com Dulce Brenner. Ele veste um terno azul e observa atentamente enquanto Dulce, trajando um vestido estampado, explica sobre o maquinário. O ambiente industrial apresenta equipamentos grandes, tubulações e paredes de tijolos aparentes, demonstrando um espaço de produção. Em primeiro plano, uma máquina contém pequenos grânulos plásticos, indicando o processo produtivo da fábrica (ABDI, Recupera Indústria RS, Senai-RS, Fiergs, enchentes)

Um convênio firmado entre a Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Senai-RS) e a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) já recuperou, até o fim de janeiro de 2025, 726 equipamentos industriais de pelo menos 100 empresas atingidas pelas enchentes no RS. O convênio de cooperação técnica foi assinado em julho do ano passado.

O objetivo foi reabilitar o maquinário de micro, pequenas e médias empresas industriais gaúchas atingidas pelas enchentes. Foram viabilizados R$ 9,4 milhões em investimentos, como parte do programa Recupera Indústria RS. Houve encaminhamento de R$ 8,5 milhões da ABDI para o Senai-RS, o executor do acordo, com a contrapartida de R$ 945 mil.

Os valores serviram para aquisição de peças e componentes de manutenção corretiva das máquinas e para o pagamento de mão de obra técnica terceirizada.

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Foram reparadas em média sete máquinas industriais por empresa, entre estacionárias e não estacionárias. As primeiras são fixas na fábrica ou linha de produção e normalmente ficam ancoradas para maior estabilidade, incluindo tornos, prensas e esteiras transportadoras. As não estacionárias são móveis e podem ser transportadas para diferentes locais, como empilhadeiras, compressores móveis e ferramentas elétricas manuais.

O convênio tem como meta atender pelo menos 100 empresas, com o investimento de R$ 85 mil para a execução do Plano de Ação Individual (PAI) de cada negócio. Neste momento, está sendo estruturado o próximo plano de ação para o programa.

“Estamos avaliando a possibilidade de iniciar um novo ciclo dessa parceria entre ABDI, Senai e Fiergs para expandir as iniciativas de reestabelecimento da indústria gaúcha”, explica em comunicado Claudia Alves, analista de produtividade e inovação da ABDI.

Histórias de superação

“Sem o auxílio do Recupera Indústria RS, hoje nós não teríamos condições de retomar a operação das máquinas e nem de manter a empresa funcionando”, conta Dulce Brenner, sócia-proprietária da ABL Plásticos. A indústria familiar fabrica sacos plásticos em Canoas, município da chamada Grande Porto Alegre, um dos mais atingidos pelas enchentes.

O parque fabril da ABL Plásticos foi tomado pela água entre abril e maio de 2024. As máquinas ficaram submersas e pararam de funcionar. Foram recuperadas duas máquinas de corte e soldas e reformadas as máquinas extrusoras (responsáveis por produzir moldes), bem como os componentes de eletroeletrônicos.

“Hoje, nossa capacidade produtiva é de mil quilos de sacos de lixo por mês, e a cada mês avançamos um pouco mais no volume de vendas e de clientes, como em uma escala progressiva. Até o momento, já conseguimos retomar 70% das vendas em relação ao período antes das enchentes”, diz Dulce.

Outra empresa atingida foi a Della Nonna, indústria alimentícia que tem como carro-chefe a produção de batata palha. O apoio do programa serviu para recuperar uma câmara fria de armazenamento de 20 toneladas. Foram reparados motores, painéis de controle e toda a parte elétrica do equipamento.

Localizada próxima ao aeroporto de Porto Alegre (RS), no bairro Navegantes, o parque fabril da empresa ficou submerso em mais de dois metros de água e esgoto, produtos químicos e combustível. A empresa fica próxima ao Rio Guaíba, e perto de postos de gasolina e indústrias de produtos químicos.

“O volume de água foi tão intenso que ela entrou por baixo, parte pelos diques que se romperam e parte pela tubulação de esgoto. A força da água levantou o chão da fábrica, que eram feitos com placas de isopor, e a câmara se partiu e abriu toda. Perdemos toda a mercadoria que tinha nela mais a câmara”, lembra o sócio-proprietário da Della Nonna, Sérgio Sbabo.

Antes da recuperação das máquinas, a empresa ficou entre maio e setembro sem funcionar. “O apoio do programa significou a minha sobrevivência, porque não teríamos condições de comprar uma câmara nova e ela foi perfeitamente restaurada”, conta Sbabo.

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