Alexandre Nascimento: da indústria têxtil à energia renovável

Alexandre Nascimento

À medida que nossos padrões de vida intensificam a voracidade por energia, principalmente elétrica, o cenário atual revela uma dependência crescente, porém insustentável, dos recursos naturais. Nesse contexto de desafios ambientais, surge uma surpresa protagonizada por Alexandre Nascimento, um profissional com mais de duas décadas no setor de TI da Adidas.  

O profissional, sentindo a necessidade de novos desafios, decide mergulhar nas águas desafiadoras da energia renovável, compartilhando suas motivações em uma entrevista exclusiva ao IT Forum 

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Sua trajetória 

Originário da área de Tecnologia da Informação (TI), Nascimento comenta que iniciou a carreira na Adidas como consultor, perpassou por diversas áreas de TI até conquistar cargos de gestão. Durante a conversa, o líder corporativo revelou ser movido por desafios e os que enfrentou durante toda a sua carreira foram diversos, especialmente nos cargos de gestão, com processos tão particulares e diferenciados.  

Entretanto, o gestor teve passagens por todas as áreas de tecnologia na empresa e buscava um novo desafio, “mas para conseguir isso, eu precisaria ir para uma área totalmente diferente. E foi aí que pintou essa ideia de empreender com energia renovável”, destaca Alexandre. 

Da Adidas à Império Solar 

E foi então que ele decidiu criar a Império Solar, uma empresa integradora de soluções energéticas. Já que a intenção de Nascimento era mergulhar em um desafio, ele optou por alinhar as perspectivas profissionais com um propósito de vida.  

A decisão de deixar a indústria de calçados e moda para ingressar no desafiador mercado de energia limpa não foi fácil. No entanto, ele vê nessa transição uma oportunidade de contribuir para um mundo menos dependente de combustíveis fósseis.  

Dessa forma, o profissional salienta a importância de influenciar empresas a adotarem práticas sustentáveis. Para ele, a questão do Carbono Zero e o Marketing Verde são diferenciais importantes, posicionando as empresas como verdadeiramente sustentáveis. 

Um exemplo concreto foi mencionado na entrevista, destacando a colaboração da Império Solar com uma indústria têxtil. A implantação de energia renovável fotovoltaica não apenas reduziu a pegada de carbono da empresa, mas também influenciou toda a cadeia produtiva, desde a origem das matérias-primas até o produto final. 

Desafios da implementação  

Entretanto, empreender no mercado de energia não é fácil. Ao abordar os desafios dessa empreitada, o entrevistado discorreu sobre o monopólio das grandes companhias de energia, salientando a necessidade de uma abertura no mercado. Com a transição para o mercado livre de energia, empresas e residências teriam a opção de escolher fontes renováveis, proporcionando não apenas uma perspectiva sustentável, mas também contribuindo para o desenvolvimento social ao gerar empregos diretos e indiretos. 

O novo marco que permitiu essa abertura no mercado foi mencionado como uma ação importante, tendo em vista que a partir desse mês as pequenas empresas poderão escolher de quem comprar energia.  

No Brasil, há duas maneiras de o consumidor comprar energia, e uma delas é pela concessionária. Esse é o ACR (Ambiente de Contratação Regulada), em que as concessionárias fornecem energia aos consumidores. O preço é regulado e o consumidor paga pelo consumo, pelas taxas e o valor de diferentes bandeiras tarifárias.  

A partir de agora, todos os consumidores do grupo A, atualmente presos na teia da contratação regulada (ACR) com demanda inferior a 500 kW, têm a oportunidade de migrar para o mercado livre de energia. Este cenário oferece a liberdade de negociar diretamente com geradoras ou comercializadoras de energia solar e eólica, possibilitando ajustes personalizados em preços, prazos e formas de pagamento. 

No entanto, o executivo aponta que ainda há barreiras a serem superadas, especialmente na conscientização das empresas sobre os benefícios sustentáveis e econômicos dessa mudança. 

Influência da TI no negócio 

Quando questionado sobre o que ele pode usar de sua experiência em tecnologia para colaborar nos processos da empresa, Nascimento foi enfático. “A TI pode ser a precursora da energia renovável, pois sempre buscamos eficiência. Energia renovável é uma questão de eficiência também”. Segundo ele, o papel central dessa área em suas iniciativas está na habilidade de traduzir o tecnicismo do setor para uma linguagem de fácil compreensão dos gestores. 

“TI está enraizada em tudo. A experiência de TI facilita a comunicação com o processo decisório. Eu consigo levar isso de forma muito clara, simplificada a esses gestores”, compartilhou o executivo. 

Ou seja, a experiência em Tecnologia da Informação não apenas agiliza a comunicação, mas também possibilita a apresentação de casos de negócios e soluções sustentáveis de maneira acessível. A expectativa é de que, com o avanço da profissionalização do setor e a regulamentação de leis de livre mercado, mais empresas compreendam o valor das fontes energéticas regenerativas e se engajem em práticas mais sustentáveis. 

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