Alopécia de tração requer atenção ao cabelo, mas não exige mudança em penteados

De um simples desconforto ou dor local que pode evoluir para a redução do volume de cabelo até a perda definitiva dos fios. Esses são os principais sintomas da chamada alopécia por tração, que é a perda de cabelo na região das têmporas, nas áreas da franja, nuca e também atrás das orelhas, causada quando os fios são puxados com força. A biomédica especializada em procedimentos estéticos Jéssica Magalhães explica que esse tipo de alopécia não é causada por uma condição genética, mas é uma doença associada a penteados. Isso porque a raiz do cabelo é muito sensível, e a agressão dos penteados com muita tração enfraquece os fios, gera inflamação e, com o tempo, eles podem parar de crescer. “A alopécia é todo nome que a gente dá para perda de cabelo. E, no caso dessa, ela é causada exatamente pelo puxar o cabelo, que é a tração. Isso ocorre em diversos penteados. Pessoas que costumam usar rabo de cavalo ou coque, como mulheres que trabalham com segurança, bailarinas, até mesmo homens também que possuam cabelos compridos. É muito comum. Pessoas que usam trança, aplique de cabelo”, enumera.

Segundo a biomédica, por algum tempo a alopécia por tração esteve associada a imagem da mulher preta, que, por uma questão de conexão ancestral e empoderamento, faz uso de tranças. Mas, na verdade, qualquer pessoa pode ter, crianças, mulheres e homens. “Por algum tempo, esteve associado quase que restritamente à imagem da mulher preta, por conta da nossa questão ancestral, do uso de tranças, vários penteados. Mas, na verdade, não é restrito nem a gênero, nem a etnia. O que causa de verdade é o tracionamento dos fios. No caso das pessoas pretas, a gente tem um maior agravante, a maior incidência. Além da questão da ancestralidade, por conta do próprio formato do nosso cabelo. Ao contrário do que se acredita, o cabelo crespo é muito mais sensível, mais delicado, e esse tracionar acaba iniciando inflamação na raiz do cabelo. Então, de tanto ir puxando, vai inflamando. E essa inflamação destrói a origem de novos fios. E pode haver uma perda permanente”, explica Jéssica.

O valor dos cabelos é indiscutível, já que reflete na autoestima, no humor e na autoconfiança. Especialistas garantem que não é preciso abrir mão de penteados, mas recomendam manter consultas de rotina para verificar a saúde dos fios. Sinais diferentes como coceira e ardência deve ser sinal para buscar ajuda médica já de início, para que um tratamento adequado possa ser iniciado. “O tratamento pode envolver o uso de formulação de uso oral, então cápsulas, que vão ajudar. Não essas cápsulas genéricas que a gente vê por aí, tem que ser de acordo com a necessidade de cada um. Mas, tem sim, cápsulas, uso de tônico formulado, que também ajuda muito, além de procedimentos em clínica. Então a gente pode fazer desde o microagulhamento até aplicação direta de ativos que vão estimular, vão nutrir o folículo na origem do fio e vão estimular, sim, o crescimento de novos fios, além da orientação do cuidado adequado com o cabelo”, diz

A Elaine é paciente da doutora Jéssica e já estava sem esperanças, mas se surpreendeu com o tratamento. “Essa região frontal era uma região que não crescia cabelo. E a após o tratamento capilar,  eu tive 100% de resultado”, conta. Outra dica da especialista é evitar penteados muito apertados. Ela também reforça a importância das profissionais, tanto nos cuidados de manuseio quanto na orientação das clientes. “O conhecimento de que tem que ter intervalo, não precisa puxar tanto o cabelo porque isso não vai interferir na durabilidade do penteado,  tem que encaminhar para profissionais que possam avaliar a raiz do cabelo e detectar o processo inflamatório desde o começo.  E tem que orientar em relação aos cuidados de higienização, inclusive do uso de tônicos. Porque a gente pode, sim, utilizar atônicos. Eu costumo prescrever muito para as minhas pacientes para o uso de trança para poder acalmar o couro cabeludo, controlar o processo inflamatório e reduzir os danos que podem vir a ocorrer”, finaliza Jéssica.

*Com informações da repórter Soraya Lauand